03/02/2022, 0:00 h
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Hoje vou falar de uma coisa simples, com nome difícil. Literacia.Existe, sim ou não?
O ato eleitoral de domingo confirmou que não.
Exemplifico.
Havia três Mesas de Voto no Pavilhão Desportivo do Centro Escolar. Duas entradas do Exterior, uma para a Mesa 1, outra para as outras duas Mesas. A sinalização, evidente, apontava para uma distribuição dos eleitores
por nome.
A Mesa 1 era (por exemplo não real) para os eleitores de A a Fernando Manuel Gomes Silva, a Mesa 2 de Fernando Manuel Leonel a Maria Fernanda Conceição e a Mesa 3 de Maria Fernanda Lopes a Z.
Eram muitos, demasiados, digo, os que não conseguiam compreender sozinha esta tão simples operação e tinham de pedir ajuda a delegados presentes.
Houve uma eleitora, que, tendo sido mal informada da Mesa de Voto correspondente, com grande alarido, desistiu da intenção de voto.
Alguns delegados mostravam dificuldade em responder de imediato onde se votaria. Havia uma aplicação informática utilizada.
Pergunto.
Mas perante uma dificuldade assim tão expressa, alguém julgará possível o cidadão eleitor poder ser informado com utilidade e autonomia do que representa cada símbolo, cada força politica, cada ideal político?
A esta iliteracia, somo eu, uma preguiça de pensar, tornado privilégio de alguns disso dotados.
A escolaridade e a literacia devem constituir pilares de sociedades democráticas evoluídas.
O que não é o nosso caso.
Podemos ter muitos diplomados, muitos cursos de formação, muitas universidades, mas não
temos mais gente culta, com independência de pensamento e capacidade de realizar.
Como interpretar o mundo, a nossa cidade, a nossa vida, se somos escravos da nossa própria ignorância?
E acrescentamos a tudo isto uma atitude passiva, recetiva a todas as mensagens hegemónicas e histriónicas, de uma comunicação social abaixo de cão, de poderes ideológicos globais, que nos condicionam desde o
nascimento.
Aprendemos a rezar, a louvar, a andar, a ter medo, a sofrer, mas não aprendemos a pensar.
Lamentável.
Como constituir dinâmicas, projetos, propostas, sem gente?
A abstenção, mais do que desinteresse, é também incapacidade e menoridade. E o vazio é sempre ocupado por Venturas com mensagens messiânicas.
Cristiano Ribeiro, Dirigente do PCP.
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