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Gazeta Paços de Ferreira

19/07/2024, 0:00 h

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A escola dos novos tempos

Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA

EDUCAÇÃO

Todos sabemos que os alunos de hoje em nada são iguais aos de há 30 anos atrás. Os interesses são outros, as necessidades e as características gerais são outras. Atrevo-me a dizer que, de uma forma geral, têm uma inteligência mais desenvolvida. Contudo, o insucesso escolar continua a acontecer e com níveis bastante elevados nalgumas disciplinas. É necessário mudar e adaptar a Escola a estes alunos, ainda que não signifique que o insucesso vá ser erradicado.

Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)

COMENTÁRIO - EDUCAÇÃO

 

 

Ultimamente muito se fala da Escola Digital e da necessidade de desenvolver os alunos nesta área. Sem dúvida que os alunos são nativos digitais. Basta observar à nossa volta e vemos pequenotes com dois anos a mexer no telemóvel com grande facilidade. As refeições são passadas a assistir bonecada (a maioria em brasileiro) e enquanto os pais se entretêm também nas redes sociais ou nos seus afazeres, os pequenos estão ocupados com os seus tabletes ou telemóveis.

 

 

Concordo que a tecnologia hoje é uma necessidade. Há material muito interessante e motivador. É possível fazer visitas virtuais a qualquer parte do Mundo, à distância de um clique. É também possível tirar uma dúvida rapidamente com a ajuda do tio Google. No dia-a-dia acaba por ser bem-sucedido, de um modo geral, quem domina a tecnologia.

 

 

As escolas têm estado muito ocupadas com os seus planos tecnológicos e com uma série de ações nessa vertente. Claro que isso é importante, mas também não se devem empenhar aí todos os esforços.

 

 

 

 

Outras necessidades

 

 

A Educação dos novos tempos precisa de ter outros focos. O Ambiente e a Ecologia têm que estar também no centro da ação educativa. Cada vez há mais escolas a trabalhar o Programa Eco Escolas e muito bem. Este programa procura consciencializar para a necessidade urgente de proteger o nosso planeta. O Ambiente já está doente e é necessário tentar curá-lo e prevenir no futuro.

 

 

Claro que ainda há muita gente para quem os problemas ambientais nada dizem…mas a fatura a pagar é cara! A geração atual está a pagar e as vindouras serão bastante massacradas se nada fizermos.

 

 

Paços de Ferreira está a investir bastante na área do Ambiente e prova disso é a fantástica estrutura criada: O Observatório Ambiental.

 

 

O Observatório Ambiental trabalha de forma transversal com todas as faixas etárias, mas investe imenso na base: as crianças. Têm um plano de atividades que muito enriquece o currículo escolar e fomenta nos mais novos os valores de proteção do Ambiente.

 

 

O nosso Agrupamento trabalha também o Eco Escolas e, a par com o Observatório, realizamos imensas atividades que mobilizaram os alunos e os consciencializaram para os deveres de cada um.

 

 

 

 

Este ano coordenei o Eco Escolas na minha escola a primeira vez. Confesso que demos pequenos passinhos, muito caminho há a trilhar, mas o que percebi facilmente é que tem mesmo que ser a Escola a promover as atividades e a inserir estes conteúdos na sua prática diária.

 

 

As crianças interiorizam os conceitos, aplicam-nos e levam-nos para a sua comunidade familiar, obrigando quase a que seja replicado.

 

 

Partilho aqui uma conversa de um Encarregado de Educação: “Quando acaba o Eco- Escolas? A minha filha massacra-me em casa! Sou obrigado até a lavar os pacotes de leite para reciclar!”

 

 

Conclusão: estamos no caminho certo! Pela teimosia característica da idade, os mais novos vão mudar hábitos dos mais velhos.

 

 

Literacia Financeira

 

 

Cá está outra área que faz falta nas escolas. Noutro dia tive conhecimento que no concelho do Porto todos os alunos aprenderão Literacia Financeira desde o 1º ano até ao 12º. Agradou-me imenso a ideia. Os meus filhos queixavam-se muito de que aprendiam coisas na escola que não serviam para nada, e a minha filha diz constantemente que deviam aprender sobre finanças.

 

 

Pois bem, começam a ser dados os primeiros passos. Quem sabe daqui a pouco tempo não teremos também no nosso concelho, ou nalgumas escolas, esta disciplina, por exemplo na oferta complementar? É cada vez mais importante dominar esta área, e nada como começar desde pequenos, quem sabe assim se possa diminuir um pouco a corrupção que existe ou aumentar a transparência na área financeira.

 

 

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Falta de tempo

 

 

Os meus colegas dirão: tudo isto é muito bonito, mas não há tempo! E realmente os currículos nas áreas nucleares (português, matemática, ciências…) são tão extensos que nem conseguimos dá-los todos.

 

 

Verdade! A escola agora tem tantas competências para trabalhar que parece que estamos assoberbados. Corremos contra o tempo para dar os currículos das disciplinas pois os exames depois dependem disso.

 

 

Só há uma solução: trabalhar todas as temáticas de forma articulada e trans disciplinarmente. Colocar no centro das disciplinas o Ambiente, o Literacia Financeira e também a Tecnologia. Ensinar conteúdos em que os alunos se revejam e com os quais se identifiquem, que lhes despertem interesse, sem descurar os curriculares. Claro que isto é um desafio…e parece quase utópico…mas não é!

 

 

A Escola tem que se reinventar constantemente e os professores têm que ser mágicos na criatividade. Uma coisa é certa: nunca há monotonia enquanto formos professores, pois não há rotinas.

 

 

Que nos consigamos continuar a reinventar constantemente…

 

 

 

 

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