04/01/2025, 0:00 h
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Cultura Opinião Abílio Travessas
CULTURA
Por Abílio Travessas (Colunista e Professor aposentado)
Mais um livro a enriquecer o muito que tenho sobre o grande navegador português considerado traidor -Herói ou traidor – questionou o mais prolixo historiador José Manuel Garcia sobre o navegador – quando à época o conceito era muito fluído. João Dias Solis, navegador português que em 1516 tinha tentado encontrar uma passagem para o Pacífico, foi ao serviço de Espanha. E que dizer do Condestável D. Nuno Álvares Pereira que ameaçou abandonar o país indo para o vizinho por perda de regalias face à política centralizadora do rei João?
Da autoria de J. Alves Gaspar e Sima Katalic que estudam neste livro magnífico os mapas que Magalhães teria tido acesso para fundamentar o projecto que apresentou a Carlos V e os mapas subsequentes à odisseia.
Respiguei do livro sínteses que valem a transcrição:
- Fernão de Magalhães, ao apresentar-se perante Carlos V em 1517 com a arrojada proposta de chegar às Molucas navegando para ocidente, ia munido de argumentos bem mais sólidos do que a sua convicção e ambições pessoais.
- A proposta de Magalhães estava bem fundamentada no seu conhecimento pessoal do Sueste Asiático e na cartografia náutica portuguesa, sem dúvida a melhor cartografia oceânica da época.
- O conhecimento que se tinha então do mundo era incomparavelmente superior ao da época de Colombo. O regime dos ventos no Atlântico era bem conhecido, grande parte da costa do Brasil, até ao Rio da Prata, estava representado nas cartas náuticas, o Oceano Pacífico fora avistado alguns anos antes por Vasco Núñes de Balboa, e as águas do Sueste Asiático tinham já sido parcialmente cartografadas.
Alves Gaspar dá uma explicação para o erro de Magalhães que afirmou perante Carlos V que as Molucas pertenciam à coroa espanhola, permitindo apropriar-se do rico comércio das especiarias, o que punha em causa o propósito fundamental da missão. … A origem do erro de Magalhães encontrava-se nas técnicas de navegação e cartografia do século XVI, designadamente no facto de as cartas náuticas serem construídas como instrumentos de navegação e não como representações da geografia do mundo. Afinal as Molucas ficavam do lado português definido pelo Tratado de Tordesilhas (1494).
É a primeira bolsa europeia para a história da cartografia. E vem para Portugal. Mais de um milhão de euros foram atribuídos a Joaquim Alves Gaspar pelo Conselho Europeu de Investigação. É uma das cobiçadas bolsas europeias, selo de qualidade. O dinheiro é para estudar cartas náuticas antigas com métodos inovadores – título do jornal Público.
“Sou comandante da Marinha Portuguesa, reformado ao fim de 36 anos de serviço. … parte significativa da minha carreira foi dedicada a assuntos técnicos e científicos, nomeadamente no Instituto Hidrográfico português e na Escola Naval”. Assim se apresentou perante o júri do Conselho Europeu de Investigação ao expor o seu projecto.
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