02/04/2023, 0:00 h
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Bragança, uma pérola no nosso interior
Dicas de amigo foram seguidas quanto a alojamento e restauração e não foi pouco. Casas de turismo rural em Gimonde, arredores de Bragança, bem inseridas na aldeia, contrastes arquitectónicos, casas recuperadas a preceito e outras típicas de emigrante.
A Casa de Recepção e a Casa da Mestra, onde dormimos e tomámos o pequeno almoço, recuperação a predominar o xisto da região, a madeira sem esquecer o ferro. Do folheto informativo: “Situada no coração do Parque Natural do Montezinho, na aldeia de Gimonde, esta graciosa casa rústica foi outrora a casa das professoras que eram destacadas para esta região. Hoje a casa foi restaurada e as antigas mestras já não moram aqui”.
A restauração, no D. Roberto, produtos regionais, bons enchidos, alheira, salpicão e chouriço de Vinhais, presunto de raça bísara, compuseram tábua acrescida de queijo da região; sopa e um arroz de lebre completaram um jantar simples para um sono justo. Do vinho, da região, não ficou memória.
Museu do Abade de Baçal, Centro de Arte Contemporânea Graça Morais e Centro de Fotografia Georges Dussaud, muita arte na mesma rua. No Centro de Arte Contemporânea Graça Morais vimos exposição de obra do luso-descendente Alex Dorici que se “tem dedicado a uma persistente pesquisa no campo da criação artística, introduzindo e explorando constantemente novas possibilidades e novos materiais…” Uma exposição diferente, materiais vulgares, caixas de cartão, sacos de rede para fruta, embalagens de plástico para água…
A exposição de Graça Morais, “Inquietações”, consegue mesmo inquietar-nos, violência policial contra os negros norte-americanos – a morte de Georges Floyd - os refugiados e os migrantes, os seus dramas. A actualidade é-nos apresentada numa sala, paredes revestidas por jornais, muito impressivo. Graça Morais consegue não deixar-nos indiferentes, chocando mesmo.
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No Centro de Fotografia Georges Dussaud, Edifício Paulo Quintela, duas exposições: do fotógrafo que dá nome ao Centro, imagens a preto e branco, “onde o trabalho da terra é tema comum”; fotógrafo que documentou “ao longo dos últimos quarenta anos, sobretudo em Trás-os-Montes, mas também no Douro, no Minho ou no Alentejo … pondo em evidência o quotidiano de muitas aldeias transmontanas”.
A outra exposição, de Nicolás Muller, húngaro de origem judaica, emigrou para salvar a vida, passando por Portugal em 1939 em reportagem para a France Magazine. Foi detido pela polícia salazarista, forçado a deixar o país. Uma das fotografias é de um pescador poveiro, que se encontra no Arquivo Comunidad de Madrid; da exposição há 15 fotos de Portugal, do Douro, do Porto -uma mulher descarregando sal e lavadeiras- do mercado de Vilar Formoso.
O Museu Abade de Baçal merece crónica à parte.
Abílio Travessas, Professor Aposentado
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