Por
Gazeta Paços de Ferreira

18/02/2021, 1:30 h

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VAMOS FALAR DE DOENÇA MENTAL Perturbação Obsessivo-Compulsiva

Margarida Barros

As obsessões consistem em pensamentos, impulsos ou imagens, intrusivos, involuntários e indesejáveis com conteúdo desagradáveis. Por exemplo (i) ter a ideia de que estão contaminados por sujidade e germes (ii) ver, mentalmente e de forma repetida, imagens perturbadoras, como a morte da própria família (iii) ter medo de perder o controlo e de ter comportamentos agressivos e violentos causando danos ao próprio ou a outros (iv) ter preocupações exageradas pela ordem e simetria e ficar com dúvidas ruminando sem tomar uma decisão.

 Por sua vez, as compulsões, acontecem de forma voluntária para diminuir a ansiedade provocada pelos pensamentos obsessivos e podem ser comportamentos ou atos mentais que normalmente são vistas pelo paciente como absurdas procurando evitá-las, mas sem sucesso. De salientar as compulsões de lavagem e limpeza, verificação, repetição, coleção/poupança e a procura de tranquilização.

A POC tem uma prevalência de 2 a 3% ao longo da vida, não apresentando diferenças na distribuição entre sexo. Todavia, se os sintomas surgem na infância afeta mais o sexo masculino e se surgem mais tarde, na adolescência e idade adulta, é mais prevalente no sexo feminino. A sua patogénese é multifatorial, quer devido a fatores genéticos, quer ambientais (estes últimos responsáveis pela maioria dos casos). De salientar aspetos como a educação baseada em padrões de limpeza excessiva e em valores como religião, ordem e culpa e os traumas na infância como os mais comuns. Normalmente o curso é crônico ocorrendo flutuações na maioria dos casos, podendo associar-se ao desenvolvimento de depressão e/ou ansiedade. Normalmente o doente com POC é perfecionista e tem padrões elevados de responsabilidade.

Esta patologia causa muito sofrimento às pessoas que dela padecem e tem impacto em várias áreas do seu quotidiano. Façam o exercício de imaginar uma pessoa que tem constantemente pensamentos obsessivos de que se encontra sujo e contaminado e tem de realizar rituais de limpeza que, quando terminam, voltam a gerar dúvida – que por sua vez gera ansiedade e, provoca novos comportamentos ritualizados. Pode ser de tal forma incapacitante que impede o indivíduo de sair do próprio quarto. É importante que a família e as pessoas próximas destes indivíduos estejam alerta e os ajudem a compreender a necessidade de recorrer a consulta de psiquiatria para tratamento com fármacos e com psicoterapia.

Margarida Barros, Médica Psiquiatria Interna

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