07/12/2020, 22:52 h
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As Perturbações Depressivas (PD) consistem em doenças psiquiátricas muito prevalentes – estima-se que 4,4% da população mundial esteja afetada (Portugal 7.9%). A Organização Mundial de Saúde considera estas patologias como sendo o maior contribuinte da incapacidade para a atividade laboral e para a qualidade de vida.
As PD são caracterizadas por uma desregulação emocional com sentimentos de tristeza ou vazio, perda de interesse ou prazer, baixa autoestima, sentimentos de culpa ou vergonha, insónia, diminuição de apetite, sensação de cansaço e sintomas cognitivos. Por vezes, sintomas atípicos como irritabilidade, maior necessidade de dormir e aumento do apetite também podem estar presentes. Podem ser prolongadas ou episódicas, com vários níveis de gravidade sendo que a forma mais grave pode levar ao suicídio. Existem vários subtipos de PD, entre as quais as distimias – sintomas depressivos ligeiros com duração de 2 anos; depressões sazonais – que ocorrem normalmente no outono e no inverno associadas a aumento do sono e do apetite; depressões pós-parto – raras, mas com gravidade elevada; depressões psicóticas – muito graves, onde os indivíduos têm crenças falsas inabaláveis e podem ter alucinações; depressões induzidas por medicamentos ou drogas e depressões características da doença bipolar.
A etiologia das PD pode incluir fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos, como história pessoal ou familiar de depressão, acontecimentos/mudanças de vida marcantes, fatores de stress, doenças físicas, prescrição de medicamentos ou consumos de drogas.
Os episódios depressivos não devem ser confundidos com tristeza. Quando estes sentimentos perduram no tempo sem melhoria clínica, causando disfuncionalidade nas esferas pessoal, social e laboral estamos perante uma doença.
Assim, é importante estar alerta para os sintomas deste tipo de doença mental e procurar ajuda. Não se sintam culpabilizados nem se julguem ou deixem que vos julguem. Por vezes, serão os vossos amigos e família a alertarem que devem ser observados em consulta; ouçam-nos e procurem apoio médico. De facto, um diagnóstico atempado pode permitir um tratamento mais eficaz, tratamento este, habitualmente, baseado em fármacos e alterações comportamentais. Para prevenir os episódios depressivos, mantenham um estilo de vida ativo, com exercício físico, atividades de lazer e uma rotina adequada. Na depressão é necessária uma ativação comportamental para voltar a experienciar a vida em pleno.
Margarida Barros, Médica Psiquiatra
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