20/01/2021, 19:27 h
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A Doença Bipolar (DB) consiste numa doença psiquiátrica que se caracteriza por alterações acentuadas do humor. Temos, entre outas, a DB tipo I, mais frequente, caracterizada por episódios maníacos e depressivos e a DB tipo II caracterizada por episódios depressivos e hipomaníacos (semelhantes aos maníacos, mas de curta duração, menos intensos e sem sintomas psicóticos). Por último, a DB secundária, como o próprio nome indica, surge como consequência de uma condição médica não psiquiátrica (demências, alterações da tiroide, toma de corticóides, antidepressivos, entre outros).
A DB afeta 2% da população geral, estimando-se que existam cerca de 200 mil pessoas com DB em Portugal. Em cerca de metade dos casos, manifesta-se pela primeira vez antes dos 25 anos. Contudo, também pode surgir mais tardiamente (após os 60 anos) sendo, nestes casos, fundamental excluir DB secundária. Na DB tipo I não existe diferença entre sexos enquanto que a DB tipo II é mais prevalente nas mulheres.
Os episódios maníacos, os mais disruptivos, consistem em períodos de humor elevado ou irritável, com aumento da energia e diminuição da necessidade de dormir, apresentando os doentes uma autoestima e confiança aumentadas. O discurso pode ficar muito acelerado, saltando de tema para tema rapidamente, tornando-se difícil de acompanhar ou interromper. Podem estar presentes crenças inabaláveis de grandiosidade e alterações do comportamento variadas (agitação, desinibição, comportamentos de risco como sexuais ou condução perigosa). Por vezes estes doentes gastam elevadas quantidades de dinheiro e utilizam roupas vistosas com cores vivas ou, em casos graves, descuidam a sua higiene.
Estas flutuações do humor são graves prejudicando o funcionamento do indivíduo a nível pessoal, relacional e/ou laboral. Contudo, quando o tratamento é instituído atempadamente os doentes têm períodos em que o humor é neutro e se encontram assintomáticos e perfeitamente funcionais. A DB é, pois, compatível com uma vida produtiva e longa.
Um dos principais problemas dos doentes com DB é a falta de reconhecimento de que estão doentes e de que necessitam de tratamento. É, por isso, fundamental o envolvimento e suporte familiar na supervisão da toma da medicação e na identificação precoce de sinais e sintomas que possam indicar a presença da doença e/ou sua descompensação. Caso o doente não aceite tratamento em fase maníaca, pode ser necessário falar com as autoridades responsáveis (como delegados de saúde) para ser submetido a avaliação clinico-psiquiátrica.
Margarida Barros
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