18/03/2021, 1:01 h
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A demência consiste numa síndrome de declínio funcional crónica e irreversível que inclui sintomas como perda de memória, raciocínio, linguagem, inteligência, competências sociais e alterações das respostas emocionais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde existem aproximadamente 35-45 milhões de pessoas com demência em todo o mundo (em Portugal o número ronda os 150 mil) sendo a doença de Alzheimer a mais frequente (60 a 70% dos casos). De ressalvar que, apesar de existirem demências que são hereditárias, a grande maioria não o é!
Embora a demência possa surgir em qualquer pessoa e em qualquer idade, é mais frequente a partir dos 65 anos. O seu diagnóstico é um diagnóstico de exclusão, pelo que, antes de ser assumido, é preciso descartar que não estamos perante outras doenças cuja apresentação clínica é semelhante, mas cujo tratamento é reversível: défices de vitaminas (vitamina B12, ácido fólico…), alterações hormonais, infeções víricas, depressão (designando-se por pseudodemência), fármacos, alcoolismo crónico, tumores cerebrais, etc.
Quanto à sua classificação as demências podem ser classificadas em primárias ou secundárias. Exemplo desta última, são as doenças vasculares (causada por eventos como AVCs) que podem ser prevenidas através da adoção de um estilo de vida saudável e controlo de fatores de risco cardiovasculares como hipertensão arterial, diabetes ou tabagismo. Contrariamente, para as demências primárias apenas existe tratamento para atrasar a disfuncionalidade e para tratar as alterações do comportamento (razão que mais frequentemente leva ao acompanhamento destes doentes por Psiquiatria).
É fulcral estar alerta, sobretudo na população mais idosa, para alterações do comportamento que surjam de forma rápida (dias a semanas). É, também essencial, uma avaliação médica com realização de exames sanguíneos e urinários, para exclusão de outras causas - já que é perfeitamente possível que estas mudanças comportamentais, desorientação e estado confusional estejam a ser causadas por uma infeção urinária (p. ex.) e não correspondam a uma situação de demência ou agravamento da mesma.
A criação de uma rede de apoio para o doente, sua família e cuidadores, de forma a evitar o burnout deste último e a iniciação, o mais célere possível, do processo de Maior Acompanhado, de forma a perceber a capacidade do doente para se gerir, decidir casar, perfilhar, fixar domicílio, consentir ou recusar tratamento, gerir bens entre outros, são também algo a ter em conta aquando do diagnóstico e follow-up destes casos.
Margarida Barros, Médica Psiquiátrica
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