VAMOS FALAR DE DOENÇA MENTAL| COVID-19 e o Cérebro

Margarida Barros

A COVID-19, uma doença infeciosa causada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2), disseminou-se amplamente pelo mundo no início de 2020, tendo-se decretado estado de pandemia em março/2020. Embora seja um vírus respiratório, pode afetar múltiplos órgãos (pulmões, coração, rins, intestino,…), sendo essencial o seguimento destes doentes no sentido de observar e prevenir os seus efeitos negativos a longo prazo.

Em termos de consequências a nível cerebral e na saúde mental, o que sabemos atualmente? Sabemos que ele pode entrar no Sistema Nervoso Central (SNC) por várias vias (a mais frequente, via nasal) e que este vai influenciar várias partes e várias células do mesmo, como é o caso dos astrócitos – células cujo uma das funções é proteger o nosso cérebro.  Uma vez no SNC, o vírus provoca várias reações, entre as mais conhecidas, as inflamatórias, responsáveis pelas tão conhecidas perdas de olfato e de paladar, mas também pelas queixas depressivas, ansiosas e cognitivas (défices de memória e atenção).

Sabe-se já que indivíduos previamente infetados (mesmo assintomáticos e sem antecedentes psiquiátricos), estão em risco de desenvolver quadros psiquiátricos e neurológicos de novo.  Sabe-se também que, mesmo em casos de infeção ligeira, os doentes podem apresentar alterações da estrutura do cérebro responsáveis pela memória, atenção, consciência e linguagem. Num estudo em Inglaterra, 1 em cada 3 doentes infetados apresentou alterações do estado mental como psicose e alterações cognitivas. Nos doentes internados foi observado um maior número de depressão, ansiedade, perturbação de stresse pós-traumático, sintomas obsessivo-compulsivos, ideias de morte e insónia. Se considerarmos doentes que estiveram nos cuidados intensivos estes números são ainda mais alarmantes, estimando-se que aproximadamente 2 em cada 3 pessoas sejam afetadas. A associação entre a COVID-19 e o desenvolvimento/agravamento de doenças como AVC, Alzheimer e Parkinson, são também hipóteses já em cima da mesa.

Estes sintomas são de tal forma impactantes que em Lisboa já foi criada uma consulta que se dedica à avaliação e intervenção de doentes com sintomas neuropsiquiátricos após infeção por SARS-CoV-2.

Torna-se, mais uma vez, importante incidir na prevenção destes sintomas promovendo um estilo de vida saudável, com prática regular de atividade física e treino cognitivo também regular através da realização de jogos como sudoku, palavras cruzadas, sopa de letras, etc - tanto nos doentes com ou sem sintomas ou nos não infetados.

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