12/12/2020, 18:13 h
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Víctor Manuel Oliveira nasceu a 17 de novembro de 1953. Filho de uma peixeira e de um pescador, um jovem como tantos outros que desce cedo se apaixonou pelo futebol. Foi nas camadas jovens do Leixões que se formou até subir aos seniores, em 1972/73, onde ficou 3 épocas. Passou uma época no União de Paredes e mudou-se para Famalicão, onde na terceira e última chegou a acumular o cargo de jogador com o de treinador, a meio da temporada. Mas nos seis anos seguintes apenas jogou: dois no Espinho, dois no Braga e dois no Portimonense, onde acabaria por se retirar, em 1984/85, iniciando aí mesmo, na época seguinte a carreira de treinador. Consegue a sua primeira subida de divisão em 1990/91, ao serviço do Paços de Ferreira, depois de têm temporadas na Capital do Móvel e duas no Maia. Passa pelo Gil Vicente, Vitória SC (Guimarães) até subir a Académica (96/97) e na época seguinte consegue igual proeza na União de Leiria (97/98). Passa pelo SC Braga e volta a subir de divisão, agora no Belenenses (98/99). Continua o percurso pelo Rio Ave, volta a Barcelos e a Coimbra e treina o Moreirense. Ingressa pela primeira vez no seu Leixões e depois de um 3º lugar conquista a 5ª subida; regressa a Leiria e volta ao Mar para ser coordenador técnico. Passa por Trofense e CD Aves. Em 2012/13, na 2ª época em Arouca inicia uma das fases mais fulgurantes, conseguindo 5 subidas seguidas, por clubes diferentes: Arouca, Moreirense, União da Madeira, Chaves e Portimonense. Em 2018/19 regressa a Paços de Ferreira e sobe os castores à 1ª Liga e sai para o Gil Vicente (2019/20), que vindo do 3º escalão (administrativamente) tem a hércula tarefa de se manter – e consegue. Não esteve nenhuma época parado.
Além destes resultados desportivos, o “Rei das Subidas” sempre foi uma pessoa de convicções fortes, de nunca se vergar perante interesses instalados, deixando uma clara imagem de honestidade, simplicidade, humildade, frontalidade, verticalidade, dignidade. Não tinha meias palavras. Não fugia às questões. Era visto como um líder, era adorado por todos aqueles que com ele trabalhavam. Era ouvido por todos os quadrantes do futebol pela sua credibilidade.
Víctor Oliveira faleceu no passado dia 28 novembro, tinha 67 anos. Teve uma vida dedicada sempre ao futebol. Nunca treinou um dos ditos três “grandes”. Deixou-nos inesperadamente, após ter sofrido um ataque cardíaco, enquanto caminhava na praia de Angeiras. Deixou-nos em enorme legado. Deixou-nos um grande treinador e um grande homem. Para mim, um exemplo, uma referência, uma inspiração.
Henrique Calisto, treinador e um dos amigos mais chegados de Víctor Oliveira disse: “ele ensinou-nos que é possível termos sucesso e termos valores; e sermos treinadores e sermos um excelente ser humano. Foi com o carácter que ele se afirmou. Mostrou-nos que é possível vencer sem menosprezar o adversário.”
A sua partida foi lamentada por todos que andam no futebol. Ao FC Paços de Ferreira e aos pacenses, provavelmente, de uma forma muito sentida, já que foi o primeiro e último clube que subiu, e o único onde conseguiu duas vezes. Numa singela homenagem, a Liga Portuguesa decidiu atribuir ao prémio de treinador do mês o nome de Víctor Oliveira.
Juvenal Brandão
Treinador de Futebol UEFA Pro (Grau IV)
Licenciado em Gestão de Desporto
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