Na última semana, fomos todos surpreendidos com a notícia dos cachaços em Freamunde. A história conta-se em poucas palavras: uma criança levou uns cachaços dos colegas depois de falhar um exercício num treino e acabou por perder a memória e ser transportada para o hospital. Os pais pediram a demissão do treinador, que acusam de ter permitido o uso de violência excessiva. O clube reagiu através de comunicado, desejando as melhoras ao atleta e afirmando que irá abrir um processo interno de inquérito e agendar uma reunião com encarregados de educação para prestar esclarecimentos. Quem conhece minimamente o mundo do futebol, os exercícios de treino e o tipo de brincadeiras que lá se fazem e que servem como “castigos”, sabe que esta é uma não notícia. Tudo não passou de uma brincadeira, que se faz há anos, em todos os clubes e até escolas do país, mas que, neste caso, correu mal. Contudo, esta não notícia foi capa de jornal e teve espaço nos telejornais, atingiu um mediatismo desnecessário e, pior, foi noticiado de uma forma que deu a entender que só em Freamunde é que isto se passa. Denegriu o clube e o treinador. Foi até apresentada queixa nas autoridades por agressão! Mas é importante perceber qual é o significado de “agressão” e saber distinguir as situações. Ninguém quer o mal da criança em questão ou de outra qualquer, todos queremos até que recupere rápido e que possa voltar a fazer o que gosta. Aceito que, tratando-se de crianças, possa haver um maior controlo quando existe este tipo de brincadeiras. Mas, não perceber que foi uma brincadeira e que o objetivo nunca foi magoar quem quer que fosse é não conhecer um balneário e é agir de má fé contra clube e treinador.
Pedro Queirós