OS INSULTOS DA CAVACA

Joaquim Leal

 Adoro um bom insulto, sobretudo quando é repenicado, isto é, quando um lado atira e o outro obriga a ricochete, responde à letra, aumenta a fasquia. É delicioso, por exemplo, ouvir aquela célebre disputa entre duas mulheres, em que alguém, de fora, incita: “chame-lhe p*, comadre, antes que ela lhe chame a si”. É a típica jogada antecipatória, como no xadrez, a dar xeque-mate ao adversário no momento em que este se prepara para encostar o rei às boxes. Afinal, no fim de contas, a vida está cheia destas lições, seja na refinada arte da maledicência, no futebol, ou nas pirraças quotidianas. Tenho um amigo que defende que, perante a iminência duma luta corpo a corpo, a melhor defesa é o ataque, é desferir o primeiro golpe, porque, assim, mesmo que se perca a contenda já se molhou a sopa. São ideias! Atirar palavras ou calhaus contra quem se detesta não é assim tão diferente como se possa imaginar.

Esta é uma filosofia de vida como outra qualquer, e, segundo os mais reputados especialistas na matéria, o melhor é levar tudo a eito, não há que enganar. Julgo que foi por isso que a Ana Rita chamou “gorda-fura-filas” à presidente da câmara de Portimão. E fez muito bem, sim senhora! Se tivesse adiado o brinde, o mais certo é que a outra lhe chamasse trinca-espinhas ou, pior ainda, escanzelada, algo que não poderia suportar. Desta maneira, a tal presidente limitou-se a fazer umas queixinhas ao Ministério Público, a mostrar-se ofendida, que é o que fazem os fracos. Privou-nos esta senhora duma boa oportunidade de assistirmos a uma disputa com palavras feias, e não lhe perdoo.

Mas a Cavaca é vinho doutra pipa, pode quebrar e arder numa fogueira, deixar-se dobrar é que não. E, mesmo sendo público tudo isso, há sempre uns quantos que se põem a jeito. Vejam lá o desplante dum tal Daniel Oliveira, a dizer que a respeitável senhora dona Rita não merecia ser chefe duma Ordem, antes precisava de ser posta na ordem. Depois disto, que é que o homem esperava de quem já deu sobejas provas de mestria no manejo do martelão palavroso? Atacou-o curto e grosso, chamou-lhe “esterco”. Tal e qual, sem filtros para maus odores.

Mas não sejamos injustos. A mulher já provou ser um doce. Então não a viram no congresso dum partido/candidato aos beijinhos ao candidato/partido que brilhou graças à qualidade dos seus insultos aos restantes candidatos a presidente? Que lindo par! Cá por mim, aposto no casamento.

Joaquim António Leal

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