Por
Gazeta Paços de Ferreira

04/02/2021, 1:02 h

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O que eu mudava no futebol

Não me tenho cansado de dizer que o futebol não atravessa os melhores dias. É certo que a pandemia veio piorar, mas já antes havia muita coisa a fazer.

A qualidade dos jogos tem caído a pique – cá e lá fora também. As pessoas não se divertem tanto, vêm menos futebol, optam por alternativas, os clubes fidelizam menos adeptos, fazem menos receita, ficam mais dependentes das receitas televisivas e de investidores duvidosos, atrasam salários, exigem resultados para ontem, não dão tempo aos treinadores, estes querem manter o posto de trabalho por isso jogam para não perder, há pouco futebol ofensivo, poucos golos, pouca magia, as pessoas não se divertem tanto...e voltamos ao início! Este é o meu diagnóstico.

Para mudarmos isto há muito a fazer. Nas mais diversas áreas.

Começaria tudo com dar-se mais estabilidade aos treinadores, que não seriam despedidos por qualquer ciclo de jogos menos positivo (condicionar o nº de treinadores por época por clube é fundamental), logo teriam tempo e margem para procurar uma ideia de jogo ofensiva que desse liberdade e margem de erro aos jogadores na procura de um jogo atractivo, com golos e espectáculo.

Juntávamos a isto a diminuição dos preços dos bilhetes sempre com o claro objectivo dos estádios estarem cheios (aceito que muitos clubes preferem ter 2.500 adeptos que paguem 25 euros por jogo, eu preferia ter 12.500 adeptos que pagassem 5 euros por jogo) e das famílias serem presenças assíduas nos jogos. Os horários tinham de sofrer alterações – jogar a meio da semana e à noite (no inverno) não é apelativo. Já há muito tempo que defendo uma ideia de um “Bilhete-Liga” que seria os adeptos poderem comprar um bilhete anual de 20 jogos, por exemplo, podendo ver qualquer do campeonato. Tal como podem ser sócios do seu clube e ter acesso aos jogos todos em casa, aqui compravam à Liga este bilhete anual e depois cabia à entidade distribuir as receitas pelos clubes.

Os clubes deviam pensar em quadros competitivos apelativos que promovessem a modalidade. Sou defensor de que duas descidas/subidas de divisão é muito pouco e o nº devia aumentar. A calendarização deve ser melhorada e os treinadores têm de ser, imediatamente, ouvidos.

Admito que o mercado de transferências tenha de andar em linha com o europeu, mas não haverá medidas para que isto não afecte jogadores e treinadores (por inerência os clubes)? Porque não tentar começar o campeonato após o fecho de mercado? O controlo salarial da Liga aos clubes não devia ser de 3 em 3 meses, mas sim mensal. Não pode haver concorrência desleal e os incumpridores não podem ser só punidos no final das épocas (e só me lembro de terem sido no último Verão). Devia de ser trabalhado um pacto com as estações televisivas para o fim dos programas onde só se fomenta o ódio, a violência e discute arbitragem.

Jogadores e treinadores deviam ser mais ouvidos em todas as vertentes, nomeadamente nas leis do jogo. Tem de se reduzir ao máximo a subjectividade e melhorar algumas questões. Esta 2ª feira foi anulado um golo pelo VAR ao Braga em Moreira de Cónegos, mas no final do jogo o Conselho de Arbitragem admitiu que não estaria. É inconcebível e coloca em causa tudo. Não entendo como é que (e vejam as filmagens) se pode tomar uma decisão de fora-de-jogo pelas imagens que foram disponibilizadas.

No que toca a questões mais relacionadas com o jogo, eu manteria a possibilidade das cinco substituições no tempo regulamentar, mais uma quando houver prolongamento e ainda quando houver concussão cerebral. Permitiria também a alteração do guarda-redes. Em aquecimento deveriam poder estar, em simultâneo, pelo menos, o nº de jogadores que podem entrar, no entanto deviam poder estar todos. Introduzia a proibição de substituições no tempo de descontos, permitia os lançamentos de linha lateral no meio campo defensivo com o pé e o jogo só devia poder ser terminado quando estivesse parado para que uma equipa o recomeçasse com a posse de bola no seu meio campo defensivo.

Juvenal Brandão

Treinador de Futebol UEFA Pro (Grau IV)

Licenciado em Gestão de Desporto

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