Por
Gazeta Paços de Ferreira

21/10/2020, 21:24 h

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O desemprego e o emprego precário dos jovens …

Marcos Taipa

Como todos perceberam desde o início da crise de saúde pública provocada pelo COVID 19, esta implicava, mais tarde ou mais cedo, uma forte crise económica.

Ela aqui está!

A recessão económica, que vivemos atualmente, e que tenderá a piorar, terá causas, mas também consequências diferentes das anteriores.

Desde logo, porque esta se antevê profunda, mas também de curta duração, com uma quebra abrupta do PIB (Produto Interno Bruto) e da produção industrial, por via da quebra da procura e com níveis reduzidos de comércio externo, indicadores estes que tenderão a recuperar de forma rápida, com a vacinação da população na relação com a crescente e inevitável imunidade de grupo.

No entanto, há um problema, que pré-existia à crise e que se está a ver agravado com esta, e que não se perspetiva ver muito melhorado no período pós-crise.

É este o do desemprego jovem.

Este tem vindo a aumentar, mesmo em períodos de crescimento do mercado de trabalho, mas em contrapartida, é dos primeiros a se ressentir em tempos de recessão económica.

Isto é, a questão está na gravidade de podermos estar perante um desemprego estrutural e não cíclico.

Os jovens, que tinham, nos estágios de formação, nos empregos temporários e nos contratos de trabalho precários, uma das poucas respostas à possibilidade de integrarem o mercado de trabalho, vêm, com a atual crise, estas possibilidades diminuírem e ainda, sentem “na pele” o serem os primeiros expelidos por esse mesmo mercado de trabalho.

Esta camada da população passou, desde há muito, a ser uma das mais frágeis, mais vulneráveis, numa sociedade, que, há muito, se apelida de sociedade de risco.

A dificuldade no acesso ao mercado de trabalho implica o forte risco dos jovens se tornarem pobres, implica a impossibilidade de se autonomizarem, sobretudo, porque, mesmo estando empregados, mas não tendo um vínculo laboral seguro ou usufruindo de ordenados baixos em tarefas, muitas das vezes, indiferenciadas, tal não lhes permite acederem a um bem essencial, como é o caso do mercado de habitação.

Esta condição do eterno provisório, da eterna insegurança, tem um efeito devastador nas taxas de natalidade, pois quem não tem segurança no emprego não consegue projetar-se no futuro e não consegue garantir a subsistência de uma família e dos seus descendentes.

Mas, as consequências seriam ainda mais devastadoras, não fosse o facto de muitos desses jovens terem nos seus pais um alicerce -  prolongado no tempo - fundamental para fazerem frente ao seu quotidiano. Ou seja, muitos só não integram a condição de pobres, porque beneficiam dos proventos dos seus pais. No entanto, estes não são eternos.

Ter toda uma faixa etária na classe dos mais vulneráveis, e sendo esta o futuro e a quem cabe garantir a reprodução de um país, é dramático.

Assim, as medidas do plano de estabilização aprovado pelo governo e centradas no combate ao desemprego, e são muitas, as quais visam diminuir a desadequação entre a formação e as necessidades das empresas, a aposta em medidas de emprego protegido, o apoio a estágios profissionais entre outras, revelam-se como respostas adequadas, que alimentam a esperança de vermos transformado  um problema, cada vez mais estrutural, num problema cíclico.

Em forma de lamento fica o facto de não ver nesse plano medidas concretas de revitalização das escolas industriais e uma aposta séria neste tipo de ensino.

Marcos Taipa Ribeiro

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