23/03/2021, 1:56 h
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Dia 15 de março as creches, jardins-de-infância e 1º ciclo reabriram.
Um ano depois de se ter dado o primeiro confinamento, regressamos à escola, após um segundo “isolamento”. Num ano, em que o previsto seria que a escola tivesse funcionado cerca de 9 meses, na realidade esteve a funcionar mais ou menos 4 meses.
Na segunda-feira os pequenotes regressaram à escola para duas semanas de aulas antes de iniciar o 3º período. O que se espera destas duas semanas? O que será importante que se faça neste período de tempo?
Ora, cá vai a minha opinião pessoal.
Desejo, sinceramente, que estas duas semanas sirvam para recuperar o que os miúdos perderam a 100%: a socialização com os amigos e colegas.
Durante o período do confinamento, as crianças tiveram aulas, ainda que seja questionável a eficácia das mesmas quanto às aprendizagens. Mas, de forma mais ou menos sistemática e produtiva, o currículo foi sendo trabalhado, ainda que à distância.
Enquanto professora, sentia que as crianças estavam cada vez mais saturadas e ávidas pelo regresso à escola.
Ávidas de quê? De conhecimento?
Sinceramente não acho que seja essa a resposta. Estavam ansiosas pelas brincadeiras e partilha das mesmas!
Bastava observar os pequenotes, quando chegaram; os do jardim-de-infância queriam aproveitar os seus espaços na sala, os seus jogos, brinquedos, material…Queriam correr e brincar com os amigos no recreio e nos corredores.
Os maiorzitos, do 1º ciclo (antiga primária) procuravam o cumprimento do cotovelo, como se isso lhes fosse vital! Sabem dos perigos, e esse simples toque parece agora como “pão para a boca”.
Observando um bocadinho as reações das crianças, é perceptível que eles precisam dos seus pares, para partilhar histórias, brincadeiras, sorrisos…
Esta é a parte que será fundamental que a escola privilegie! Mais do que recuperar aprendizagens, é fundamental recuperar a “saúde mental” dos nossos alunos.
Quando esta parte estiver recuperada, aí sim, será possível que haja condições para que a aprendizagem se realize em pleno.
É urgente que escolas, direções e professores, pensem e definam, com coerência, o que privilegiar neste espaço de tempo.
Desejo, de coração, que estes poucos dias que antecedem o final do 2º período não sejam gastos na realização de fichas de avaliação, “aprisionando” ainda mais as crianças, que poderiam “ganhar asas” por duas semanas.
Infelizmente, acredito que por muitas salas de aula deste país se viverá a pressão de trabalhar exaustivamente conteúdos ou avaliar conhecimentos, quando as nossas crianças precisam primeiro de “apanhar ar” para depois se poderem concentrar.
Pensem: a escola só terminará em Julho e ninguém aprende sem estar com predisposição a tal.
Nós, adultos, sentimos falta dos convívios, sejam familiares, sejam de amigos. Será que as nossas crianças não precisam muito mais?
Espero que haja bom senso sinceramente…
Rosário Rocha, professora do AE Frazão.
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