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Gazeta Paços de Ferreira

18/12/2020, 21:46 h

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No meio do caminho tinha uma estrela

Opinião

No meio do caminho tinha uma estrela, tinha uma estrela no meio do caminho… e os magos decidiram seguir essa estrela que os levou até Belém, onde encontraram um menino, o filho de Deus. Segundo o astrónomo alemão Johannes Kepler, que estudou os movimentos dos corpos celestiais, a estrela que os magos seguiram foi a conjunção de Júpiter e Saturno, a chamada ‘grande conjunção’. O avistamento destes dois planetas gigantes muito próximos assemelhando-se a uma enorme estrela vistos da Terra, é um fenómeno tão raro que deverá ter despertado o interesse dos magos que a seguiram. Esta estrela chamada de ‘estrela de Natal’ ou ‘estrela de Belém’ aparecerá nos nossos céus dentro de dias, entre o dia 16 e 21 de Dezembro. Este fenómeno é tão raro que teremos de viajar até 4 de março de 1226 para encontrarmos uma conjunção destes planetas com a mesma proximidade. Saturno e Júpiter encontram-se, na perspectiva da Terra, em 20 em 20 anos, devido às suas orbitas muitas longas, Júpiter demora 12 anos e Saturno 30 anos a completar uma volta em torno do Sol. Mas nem sempre esta conjunção é visível, e raramente com tal proximidade, o que torna este evento celestial algo raro e único, e que as nossas gerações terão a sorte de ver. O pico da conjunção será no dia 21 de dezembro, no dia de solstício de inverno, o dia mais curto do ano, e para a ver bastará esperar que o Sol se deite, e em dia de solstício deita-se bem cedinho, e colocar os olhos para Oeste (no nosso caso, olhar na direcção do Porto) e veremos um ponto muito luminoso resultante da conjunção de Saturno e Júpiter.
Também neste mês, a Terra cruza a órbita do asteróide Faetonte, o que fará com que os detritos destes asteróides caiam na Terra, na chamada chuva de meteoros das Gemínidas durante os dias de 4 a 17 de Dezembro. No dia de Santa Luzia, a 13 de dezembro, a noite que nos levará para dia 14 de dezembro será caracterizada por uma grande chuva de estrelas, atingindo o pico deste acontecimento perto da 1 hora da manhã. 
Os fenómenos celestes sempre conduziram a Humanidade a especular e a criar estórias. E neste tempo difícil de pandemia estes sinais vindos dos astros são ainda mais apelativos a que se congeminem teorias sobre a ligação destes inusitados fenómenos a acontecimentos do momento actual. Mas a verdade é que por vezes perdemos tempo de mais a encontrar explicações para aquilo que apenas é o que é! E enquanto devoramos pensamentos e desenterramos argumentos maravilhosos, esquecemos da essência e da beleza dos momentos.
Um dia perguntaram a Carlos Drummond de Andrade qual o significado da pedra no meio do caminho do seu famoso poema, e ele respondeu: “Tinha uma pedra, sou de Itabira, tem muitas delas lá”.
Por isso deixo aqui a minha sugestão: no dia 21 de dezembro, ao cair da noite no nosso caminho aparecerá uma estrela, nesse momento olhemos para o céu e deixemos as nossas retinas fatigadas se deleitarem com a estrela de Belém, depois sigamos de novo o caminho deixando o nosso coração afagar a presença de todos sem nenhuma outra explicação ou razão, porque afinal é Natal…  e no meio do caminho tinha uma estrela.

Ricardo Neto

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