19/11/2020, 14:16 h
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Marcus Rashford é o mais novo de cinco filhos de uma família e cresceu em Wythenshawe, nos arredores de Manchester. Chegou a ir comer, por necessidade, várias vezes, a casa de amigos, porque nem sempre o salário da mãe chegava.
Hoje, tem 23 anos (feitos a 31/10). É jogador do Manchester United. Representa a seleção inglesa. É um dos mais promissores futebolistas mundiais.
Por ter vivido como viveu, e por não aceitar que “crianças vão para a cama não apenas com fome, como também sentindo que não têm importância", Marcus Rashford pôs mãos à obra.
A pandemia agudizou a crise em todos os cantos do mundo, nomeadamente no seu país e na sua cidade. Daí ter pedido ajuda ao governo britânico para as escolas continuarem a distribuir refeições gratuitas a crianças carenciadas, durante as férias. A proposta de oferecer 15 libras (16,5 euros) por semana em vales-refeição a 1,3 milhões de crianças, num investimento de 126 mil libras (139 mil euros), foi recusada e Rashford pôs mãos à obra.
Aproveitou o facto de ter cerca de 3,7 milhões de seguidores na redes sociais e lançou uma campanha. Financiou-a, arranjou contribuintes (cafés, restaurantes, igrejas e até particulares) e foi ele próprio para o terreno, para a distribuição das refeições.
Desde o início da pandemia a iniciativa foi um sucesso, que não para de crescer.
Em Julho anunciou que, em conjunto com a associação beneficiente FareShare, já tinham conseguido 4 milhões de refeições, quando o objetivo eram 400 mil.
Os rivais Everton e Liverpool aderiram e foram alcançados cerca de 100 mil libras (110 mil euros) para o banco alimentar da cidade. Outros clubes de futebol seguiram o exemplo, como o Newcastle, Aston Villa, Burnley e Leeds United. Aliás, os jogadores do Leeds doaram 25 mil libras (cerca de 28 mil euros) e em Abril espera-se que, quando o Rashford se lá deslocar para jogar, seja o 1º jogador do Manchester United a ser aplaudido pelos adeptos da casa. Entretanto foi o próprio United a oferecer refeições a 5 mil jovens carenciados.
Já este fim-de-semana, no terreno do Everton, teve à sua espera uma mensagem de agradecimento dos Toffees nos ecrãs do estádio por causa da sua campanha para alimentar as crianças carenciadas.
No final do jogo, Rashford recebeu um telefonema especial. O primeiro-ministro ligou-lhe a dizer que foi aprovada a proposta que lhe tinha sido recusada inicialmente: a de financiar as refeições nos períodos em que as escolas estivessem encerradas. As medidas incluem cerca de 188 milhões de euros distribuídos aos municípios até ao fim de março, com pelo menos 80% destinados a ajudarem famílias com despesas de alimentação e outras. O programa de alimentação e atividades nas férias escolares será alargado para cobrir as férias da Páscoa, Verão e Natal de 2021, num investimento de mais de 232 milhões de euros. Além disso, cerca de 18 milhões de euros serão entregues a bancos alimentares de todo o país.
A Rainha de Inglaterra condecorou-o, entretanto, como Membro da Ordem do Império Britânico (MBE, sigla em inglês).
Rashford congratulou-se nas redes sociais: “a luta para acabar com a pobreza infantil está longe de terminar. Enquanto estas crianças não tiverem uma voz, terão a minha. Têm a minha palavra".
Que exemplo!
Juvenal Brandão
Treinador de Futebol UEFA Pro (Grau IV)
Licenciado em Gestão de Desporto
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