Por
Gazeta Paços de Ferreira

25/01/2021, 22:34 h

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Ensino contra aprendizagem

Educação

O país está a atravessar uma fase muito crítica relativamente à pandemia provocada pelo COVID-19. É assustador ouvir as notícias e, principalmente, ver o que se passa nos hospitais. Parece que esta tragédia nunca mais termina.

O governo definiu mais algumas medidas para tentar limitar a pandemia.

Continua muita gente a pedir o encerramento das escolas. Será benéfico para o país? Se for mesmo necessário, que o façam, independentemente de ser bom ou não para os alunos.

Para estes não é bom, de certeza.

Ninguém me diga que atrás de um monitor se aprende da mesma forma. Caso isso seja possível, então invistam em tecnologia e dispensem/despeçam professores, pois permitirão a poupança de uns milhões ao Estado.

Alguém falava no ensino secundário, em que o mesmo é mais expositivo, ou seja, o professor debita e o aluno ouve. A ser assim realmente, gravem as aulas. Uma aula dará para muitas turmas.

Honestamente, não vejo o ensino assim, seja em que nível for. O ensino até pode ser, mas a aprendizagem não. O professor pode ensinar, mas se o aluno não aprende...

E a aprendizagem depende, normalmente, da interação. É impensável uma aprendizagem consistente à distância, principalmente para crianças de mais tenra idade.

Sendo eu professora do 1º Ciclo, a minha experiência no terreno diz-me que os alunos precisam que eu ande de mesa em mesa e que explique de maneira diferente a cada aluno, até porque nem todos pensam e compreendem igual. É impossível este ensino à distância: o rabiscar, esquematizar, o experimentar várias formas para que o aluno entenda. E nem assim todos entendem os conteúdos, quanto mais à distância!

Verdade, que estou a "defender a minha dama", mas porque pela experiência que tenho tido na escola, não vejo que os contágios aconteçam lá, onde os ambientes são controlados.

Mas, volto a dizer: se for benéfico para o controlo da pandemia, que se faça! Não me parece é que seja tão necessário assim.

O grande aumento que se verifica agora até reporta a um período de contaminação que coincide com as férias escolares! 

Quanto às críticas, ela acontecerão sempre, seja qual for a decisão que se tome: se não fecharem, os professores, pessoal não docente e alunos são "carne para canhão"; se fecharem, não há condicões tecnológicas para se ensinar (os professores têm que usar os seus próprios meios, os alunos não têm...). Costuma-se dizer: "preso por ter cão e preso por não ter".

Uma sugestão: fechem-se as turmas ou escolas conforme as necessidades.

Haja uma medida local e não nacional. Cada um conhece e sabe a sua realidade e faça-se tudo o que for necessário para controlar a pandemia, mas sem populismo e prejudicando o menos possível a aprendizagem dos alunos que é para isso que serve o ensino.

O ensino por si só nada vale: importante é que os alunos aprendam, ou seja, que haja aprendizagem.

Este é um paradigma que é necessário mudar: não há ensino se não houver aprendizagem.

E é por isso que um professor é muito mais do que um "leitor" ou "executor" de currículos escolares.

E é por isso que nenhuma aula gravada, nem dada atrás de um monitor preenche, por si só, nem as necessidades de um aluno, nem de um Professor.

Rosário Rocha

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