13/12/2020, 18:32 h
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A pandemia vem afetando as pessoas de forma muito diferenciada, apesar de algumas
máscaras, que ainda se pretenderam manter com afirmações do tipo que “estamos todos no mesmo barco”.
A pandemia fez vir ao de cima as fragilidades da nossa sociedade e as enormes desigualdades, de que é constituída.
A pobreza e a desigualdade são problemas crónicos, integrantes do modelo sócio económico dominante.
A pobreza, a precariedade, os salários baixos, o desemprego e as desigualdades, não são
“doenças” novas, apesar da ideia que se quer fazer passar.
Em 2018, dois milhões de portugueses eram pobres.
Mas havia muitos outros, que não eram cobertos por estas estatísticas, mas exerciam
atividades, que os poderiam fazer cair na pobreza a todo o momento.
De repente, apesar das tais máscaras, a crua realidade dos factos ficou a descoberto.
Para “resolver” esta situação, assiste-se, um pouco por todo o lado, ao regresso de práticas assistencialistas ou de caridade, que, na verdade, não resolvem a questão da pobreza, apenas atenuam momentaneamente, e acabam, no fundo, por consolidar as relações de dependências, que estão na base dessas situações de pobreza.
Por aqui não é o caminho, embora as “boas almas” se sintam sempre reconfortadas com uma boa ação.
Na verdade, terá de se caminhar noutro sentido.
Nunca o mundo produziu tanto como atualmente. A nossa sociedade tem um nível de prosperidade suficiente para que todos possam usufruir daquilo de que necessitam.
O problema – o calcanhar de Aquiles – está na distribuição da riqueza produzida.
É preciso distribuir melhor a riqueza, e para isto temos, para já, o Estado Social, que deve ser permanentemente fortalecido.
O que não está a ser prosseguido pelas forças dominantes, pelos neoliberais, ainda que se mascarem de socialistas ou social democratas.
Por um lado, deverá crescer a prestação de serviços pelo Estado, de forma universal e gratuita, e por outro lado as fontes de financiamento do Estado crescerem à custa dos mais ricos, daqueles que mais têm, a quem devem ser aplicadas taxas progressivamente mais elevadas, e, além disso, serem impedidos de fugir com os seus rendimentos para os paraísos fiscais, como acontece actualmente.
Tarefa fácil? Claro que não é, mas não é impossível.
(Deixem de ouvir os “papagaios do regime” e comecem a pensar nisto.Talvez valha a pena…)
Álvaro Neto
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