Por
Gazeta Paços de Ferreira

24/01/2021, 23:56 h

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DIAGNOSTICAR PARA EMPODERAR A POPULAÇÃO

Marcos Taipa

Recentemente li que a Câmara Municipal de Paredes pretendia auscultar a população com vista a definir o futuro do seu território para a próxima década. No fundo, penso que o que se trata é do edil de Paredes diagnosticar, “deitar mão” de instrumentos de diagnóstico social e, desta forma, poder conhecer melhor a sua realidade concelhia. Esta é, no meu entender, uma excelente e invulgar abordagem, que pode, e deve, ser replicada pelos vários concelhos do país.

Um diagnóstico tem, normalmente, dois objetivos: um é a identificação, a interpretação e explicação dos problemas que afligem a população, outro é o perceber as aspirações dessa mesma população. A importância dos diagnósticos reside, portanto, no facto de ser, ou dever ser, o primeiro passo para a resolução de um problema. Mas, tão importante como isto, é a capacidade de um diagnóstico distinguir a realidade evidente e aparente, revelando os fatores, que estão por trás dessas evidências e que os políticos e a população não conseguem, por vezes, a “olho nu”, perceber. No entanto, um diagnóstico não visa só descrever os problemas, mas o seu objetivo é, igualmente, compreender e explicar esses mesmos problemas.

Só um diagnóstico adequado permitirá a terapêutica correta e a resolução daqueles deve ser o resultado de uma ação política, e nunca burocrática a cargo dos técnicos. A estes cabe diagnosticar e propor, aos políticos cabe decidir, de acordo com o diagnosticado e como resultado dos seus programas eleitorais e convicções ideológicas.

É certo que há, hoje, várias formas de diagnóstico que o poder local usa, através da reunião, através de parcerias e da intervenção em rede com vários parceiros sociais, que se sentam “à mesma mesa” para recolherem e trocarem informação, elaborando diagnósticos e planos de ação. Disto mesmo é exemplo o "conselho municipal da educação" e a "rede social". Não obstante, tal não é suficiente e, perante desafios que se colocam às autarquias, cada vez mais complexos e que ditam o futuro das populações, como seja a redefinição do PDM (Plano Diretor Municipal) entre muitos outros, revela-se fundamental lançar instrumentos de análise à população, que possam devolver a esta a propriedade do seu destino. Penso mesmo, que será tão importante fazê-lo que vejo como exequível e necessário cada Câmara Municipal ter um gabinete de estudos que, em parceria com Centros de Investigação Universitários e, até aproveitando e apoiando projetos de mestrado e doutoramento, possam desenvolver estes estudos de diagnóstico concelhio.

O resultado desta informação poderá ser, depois, devolvido à população sobre a forma de publicações e, ainda, através de momentos de discussão coletiva, que envolva a apresentação desses estudos com a discussão dos seus resultados por especialistas de diferentes áreas e a participação da população e organizações de diferentes âmbitos. Diagnosticar precisa-se para que se evite intervir de forma errada ou deixar de intervir onde é necessário.

Marcos Taipa Ribeiro

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