Por
Gazeta Paços de Ferreira

18/05/2021, 1:00 h

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CORAÇÃO!

Opinião

O mês maio em Portugal por iniciativa da Fundação de Portuguesa de Cardiologia ganhou o estatuto de mês de coração.

Durante este mês todos somos alertados para as consequências das doenças cardiovasculares, promovendo-se a actividade física como a sua grande medida de prevenção.

Passado um ano de pandemia vivido em pequenos espaços, a actividade física ganha hoje uma importância ainda maior. Cuidar do coração é sinonimo de cuidar da nossa e da vida dos outros.

Mas a percepção geral sobre o coração está intimamente ligada a outras dimensões. Aprendemos todos associar o coração, não à imagem do motor do nosso corpo, mas ao centro emocional e sentimental da nossa existência.

Apesar de hoje sabermos que os sentimentos se geram no nosso cérebro, o facto de o nosso coração acelerar e nos dar apertos em vários momentos de alegria e tristeza, fez o homem pensar que o coração seria a fonte de todo o nosso turbilhão sentimental.

Ao longo da história o coração foi representado como símbolo do amor e rei de todo o território sentimental, algo que ainda nos dias de hoje perdura.

Nunca vimos e nunca veremos casais de namorados a trocarem figurinhas de cérebros nos seus enredos de paixões.

Já imaginaram uma linda filigrana de Viana em forma de cérebro? Ou uma devoção religiosa ao Sagrado Cérebro de Jesus ou de Maria?...

Esta tradição de associar o coração ao amor, mesmo sabendo que os sentimentos se geram nas milhares de sinapses do sistema nervoso, será impossível de reverter e o coração será eternamente o ‘dono’ do amor dos humanos.

Mas de onde virá esta inquebrável associação?

A sua origem muito provavelmente deverá ter nascido no Antigo Egipto. No processo de mumificação, todos os órgãos incluindo o cérebro eram retirados, menos um: o coração.

Os egípcios temiam muito a morte e acreditavam na vida para além da morte. Segundo as suas tradições, após a morte todos seriam julgados por Maat, a deusa da justiça e da verdade, perante a presença de Anúbis (deus dos mortos), Tot (deus escriba) e Ammit, uma besta metade crocodilo e metade hipopótamo.

Neste julgamento, o coração era colocado no prato da balança de Maat, que colocava no outro prato da balança uma pena. Apenas um coração puro, sem maldade e sem mácula, superaria a pena em leveza, dando acesso ao seu proprietário ao divino Aaru, o paraíso de Osíris.

Mas caso o coração pesasse mais que uma pena, este seria imediatamente devorado por Ammit, e a alma do morto condenada ao abismo do submundo de Duat.


Sabendo que muitas das tradições egípcias contaminaram os judeus durante o seu cativeiro, e é muito provável que esta imagem do coração como o gerador e memorial dos sentimentos e emoções tenha sida trazida pelos judeus e depois levada a todo mundo pelos cristãos.

Esta imagem do coração já não será revertida, mas isso não É problema, se cuidarmos do coração com actividade física e se procurarmos que o nosso coração seja bondoso, podemos não garantir um lugar em Aaru, mas garantiremos o adiamento dum possível encontro com a deusa Ammit, e tornaremos mais feliz a nossa vida e a vida dos outros!

Por isso… sejamos boas pessoas e façamos desporto!

Ricardo Neto

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