Por
Gazeta Paços de Ferreira

24/07/2020, 11:54 h

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A “aspirina”

Destaque

Já há algum tempo tive oportunidade de escrever neste mesmo jornal que as opções políticas do actual Executivo Municipal estavam a colocar em causa o futuro do nosso concelho pois  têm assentado na realização de despesa corrente (abdicando-se do importante investimento)! As contas da Autarquia não enganam: apenas cerca de 30% do valor gasto pelo Executivo liderado pelo Dr. Humberto Brito são despesas de capital e 70% são despesas correntes. Se considerarmos de uma forma simplista o que significa a palavra investimento (abdicar do consumo hoje para beneficiar de consumo adicional no futuro), o cenário é claro: o PS gere a Câmara a pensar no dia-a-dia, no bem-estar de curto prazo, aplicando medidas cujo efeito será muito baixo no aumento do rendimento (leia-se bem-estar) da população no futuro.

Consciente deste facto fui alertando que, enquanto os “ventos soprassem de uma forma favorável, quer no nosso país como na Europa (e outros países com os quais as nossas empresas mantem relações comerciais), estas opções, sendo erradas no meu entender, iam sendo atenuadas.

Os problemas surgiriam no momento que sentíssemos um choque económico que, mais tarde ou mais cedo, acabaria por chegar (e, ainda assim, felizmente, beneficiamos de um período anormalmente alargado de “ventos favoráveis”). O caminho seguido não preparou o nosso território para fazer face a um choque, seja ele grande como pequeno pelas seguintes razões:

  1. Não se apoiou devidamente as nossas empresas: ao contrário do que é dito na retórica do regime, os recursos direccionados nos últimos 7 anos para a promoção da Capital do Móvel é ridículo, sendo evidente na situação a que chegou quer a “nossa” Associação Empresarial de Paços de Ferreira como a letárgica situação do nosso principal baluarte territorial – a Capital do Móvel (já agora, alguém se lembra da Capital Europeia do Móvel?!?);
  2. Não promovemos um modelo de atracção territorial de empresas e consequentemente de famílias, de forma a promover um tecido empresarial diversificado (conhecem o ditado “não se deve meter os ovos todos no mesmo cesto”?): o número de empresas com efeitos estruturantes para o nosso tecido empresarial (com efeito de arrastamento através da criação de novas empresas e empregos indiretos) que se instalaram em Paços de Ferreira é nulo, o que demonstra bem a total incapacidade e incompetência da atual maioria socialista em promover e “comunicar” o nosso concelho (neste caso, ficaria satisfeito se o Presidente de Câmara não “estragasse” mas nem isso foi capaz de fazer, dado o seu desastroso gestão do processo PFR Invest e a forma como se vendeu ao desbarato o seu património, tendo-se prestado à ridícula situação de, há pouco tempo, se ter lamentando numa Assembleia Municipal de não ter terrenos para oferecer aos investidores);
  3. Não conseguiu criar um mecanismo de retenção de talentos jovens do nosso concelho, fomentando um conjunto de medidas de apoio ao empreendedorismo de jovens qualificados do nosso concelho, capazes de criar empresas inovadoras e mais imunes aos ciclos económicos que, sem alternativa, se veem obrigados a migrar para outros concelhos (ou até outros países);

A “parede” na qual vamos bater e nos dirigimos a alta velocidade está infelizmente a chegar e sinto que Paços de Ferreira está a enfrentar este verdadeiro “elefante” com uma espingarda de chumbos. Os dados são já evidentes: de Janeiro a Junho de 2020, o número de desempregados inscritos no Centro de Emprego subiu 31,02% (+438 famílias do concelho que passaram a sofrer com este flagelo). Não quero com isto culpar integralmente a Autarquia por este aumento de desemprego e ainda pelo que teremos pela frente. É evidente que ninguém estava a contar com o surgimento de um problema como esta pandemia com efeitos evidentes e para os quais ninguém estava preparado.

Mas as opções tomadas nos últimos sete anos têm um responsável: Dr. Humberto Brito e o Partido Socialista. Para o bem e para o mal. E, agora que os números começam a assustar-nos a todos, aguardemos (cada vez com menos paciência) qual o caminho que nos vai ser apresentado pela nossa liderança política. De uma coisa eu tenho a certeza (e uso esta imagem para que todos percebam o que nos espera): não se trata pneumonias (económicas para não se confundir com as outras igualmente preocupantes) com aspirinas e nos últimos 7 anos, foi o “medicamento” que fui vendo ministrar pela maioria socialista que lidera a nossa Câmara.

Joaquim Pinto, Presidente da CP Concelhia do PSD

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