12/04/2024, 0:00 h
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Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA
EDUCAÇÃO
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
COMENTÁRIO - EDUCAÇÃO
Mudança no papel da Mulher
Não há qualquer dúvida que o 25 de abril de 1974 é e deverá ser uma data importantíssima para todos os portugueses. Embora eu ainda não tivesse nascido, sei e entendo que muita coisa mudou para melhor. Mudou para todos, mas especialmente para as mulheres.
Antes da grande revolução, muito poucas mulheres trabalhavam fora de casa e o papel da maioria restringia-se basicamente a cuidar da casa, da família e a servir os maridos. O ensino também não era a aposta para o sexo feminino, pois as tarefas que lhe estavam destinadas não exigiam muita escolaridade.
O sexo feminino estava mesmo bastante limitado.
Nenhuma mulher podia sair à noite sozinha, pois, caso fosse apanhada, seria encaminhada para uma esquadra de onde apenas sairia quando o marido ou um familiar homem a fosse lá reclamar e justificar o motivo de ela estar sozinha.
Outra proibição era a da mulher sair do país sem autorização do marido.
No fundo, a mulher era “propriedade” ou responsabilidade do marido, verificando-se nesse aspeto a atribuição de um papel de inferioridade ao sexo feminino.
Outra das descobertas que eu fiz há pouco foi que havia filhos de mãe incógnita.
Como era proibido o divórcio, quando uma mulher casada pela igreja se separava, e caso ficasse grávida de um novo companheiro, teria de dar ao filho o nome do primeiro (e eterno) marido. A única alternativa era ser o pai da criança a fazer o registo, identificando a criança como filha de mãe incógnita.
Devem ter sido raros casos, pois não imagino muitas mulheres a terem tal audácia!
E se naquela altura a liberdade de expressão era limitada para todos, imaginem para o sexo feminino: nem direito a opinião tinham!
Que sorte eu ter nascido após 74!
Como eu nasci numa aldeia rural e numa família com poucos recursos, o mais provável seria, caso por lá me mantivesse, ficar refém do destino e transformar-se numa dona de casa.
Mas caso seguisse a profissão que exerço, de professora, teria que ter uma autorização especial para casar.
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Pois é: para casar com uma professora o futuro marido tinha que provar ter rendimentos superiores ao da mulher, provando ser capaz de a sustentar.
E quem me conhece também sabe que a liberdade de expressão é um valor que prezo: opinião é coisa que não me falta e que faço questão de usar. Não imagino sentir-me “amordaçada” …não seria eu, certamente!
Que sorte tive por ter nascido após o Estado Novo, poder seguir livremente a minha profissão, poder escolher o meu destino (do qual faz parte um divórcio), poder expressar-me, inclusive neste meio de comunicação social. Que sorte poder dar o meu contributo mais ativo nesta sociedade em que Homens e Mulheres têm as mesmas capacidades e direitos.
Valorizar a liberdade
É importantíssimo que expliquemos às nossas crianças e jovens a importância da revolução dos cravos, até porque não envolveu sangue. É imprescindível que entendam o percurso, o que antecedeu este momento tão marcante para o nosso país. Mas também é fundamental que se ensine que a liberdade deve ser sempre acompanhada de responsabilidade. Todos os direitos vêm sempre acompanhados de deveres.
Confesso que a liberdade é um valor que muito prezo, mas que às vezes sinto que se começa a perder os limites da mesma. Há uma frase que convém que cada um de nós tenha em conta: “A nossa liberdade acaba onde começa a do outro”.
Basta abrirmos as redes sociais e encontramos lá espelhados vários casos em que isso não acontece. A velocidade que o virtual atinge é a mesma que permite que atrás de um teclado ou ecrã se difame ou ataque de forma mesquinha quem não pensa ou não age da mesma forma que nós. Pois isso não é liberdade: isso é retornar aos tanques públicos de lavagem de roupa suja, com a diferença que não se está cara a cara, significando mais cobardia.
O que me assusta é que, se se perder a noção do que é a Liberdade, a tanto custo conquistada, a possamos perder efetivamente.
Por tudo isso, é importante explicar às novas gerações que é urgente preservar a Liberdade, com responsabilidade individual e coletiva, não vá aparecer por aí algum vendedor da banha da cobra que a volte a querer eliminar e restringir a uma elite, da qual poucos faremos parte.
E, esperando que isso não aconteça, mas aproveitando enquanto não há censura nestas minhas palavras, vivamos e comemoremos de forma responsável estes 50 anos de Liberdade!
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