𝐍ã𝐨 é 𝐚 𝐂𝐎𝐕𝐈𝐃-𝟏𝟗 𝐪𝐮𝐞 𝐦𝐚𝐭𝐚, é 𝐚 𝐭𝐮𝐚 𝐢𝐫𝐫𝐞𝐬𝐩𝐨𝐧𝐬𝐚𝐛𝐢𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞.

Tu olhas a televisão, ouves as notícias, mas não vês, não escutas. Não queres ver, sequer. Fechas os olhos. Colocas uma venda. Tapas os ouvidos. As pessoas lá fora, em todas as partes do mundo, estão a morrer. Mas tu não queres saber, finges que não é verdade. Escondes-te dentro de uma concha e de uma utopia. 𝘚ó 𝘢𝘤𝘰𝘯𝘵𝘦𝘤𝘦 𝘢𝘰𝘴 𝘰𝘶𝘵𝘳𝘰𝘴. Julgas-te imune. Carregas o troféu da imunidade com avareza. Mas ele não é real.

Há pessoas a morrer. Entendes-me aqui nesta frase tão simples? Há pessoas a morrer. Centenas de pessoas, diariamente, no teu país. Famílias que sofrem. Corações que se partem. Há pessoas a perecer sem ver os que amam. Há pessoas a perderem os seus sem despedidas. Sem um abraço, um beijo, um aperto de mão. Sem o calor humano. Há pessoas que não voltarão a ver a luz do sol, nem a noite, nem o mar, nem lugar algum. Pessoas sem direito a um funeral digno. Mas tu não queres saber.

Nem vale a pena partilhares mensagens positivas, colocares um arco-íris à janela e escreveres nas redes sociais que vai ficar tudo bem porque, sejamos realistas, não vai.

Não vai ficar tudo bem enquanto continuares a sair para tomar só mais um café. Não vai ficar tudo bem enquanto continuares a participar em festas ilegais em madrugadas de confinamento. Não vai ficar tudo bem enquanto saíres para visitar aquela amiga que, coitadinha, está tão sozinha. Não vai ficar tudo bem enquanto te sentires no direito de circular livremente porque só mais um passeio higiénico e cinco minutos de conversa com a vizinha não farão a mal ninguém. Não vai ficar tudo bem enquanto acreditares que, porque todos os outros estão a cumprir a sua parte, aquilo que fazes não terá qualquer influência no mundo que te rodeia. Porque tem.

Quando te colocas em risco, colocas em risco também aqueles que te rodeiam, aqueles com quem te cruzas no supermercado, que saíram apenas para comprar alguns bens essenciais e têm respeitado o estado de emergência, que tu continuas a ignorar. Tens de fazer a tua parte. Ninguém a fará por ti.

Depois, não procures um bode expiatório, não te revoltes contra as medidas impostas. Lembra-te que, também tu, sim, tu, que és irresponsável, não respeitas o confinamento e não fazes a tua parte, carregas nas mãos o sangue de todos aqueles que têm perdido as suas vidas nesta guerra silenciosa.

Se todos ficarmos em casa, ainda que distantes, estaremos mais unidos neste campo de batalha. Não é a COVID-19 que mata, é a tua irresponsabilidade, por isso, por ti e por todos, FICA EM CASA.

Letícia Brito

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