Por
Gazeta Paços de Ferreira

17/09/2024, 0:00 h

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UNIVERSITÁRIOS: AS GARANTIAS DAS AVALIAÇÕES PELO ESGOTO?

Mário Frota Opinião Direito Consumo

DIREITO DO CONSUMO

Há um tema interessante que importará decerto aos pais com filhos nas Universidades: a garantia de impugnação das notas atribuídas, em determinados estabelecimentos, e que é negada sem apelo nem agravo! Ou ao arrepio dos Regulamentos de Avaliação ou porque nem sequer neles se prevê um tal direito (o que seria de espantar!).

Por Mário Frota (Presidente emérito da Associação Portuguesa de Direito do Consumo - APDC)

OPINIÃO

 

 

Recordo-me de uma situação ocorrida em Coimbra, em Direitos Reais, há mais de uma trintena de anos, em que o aluno impugnou verbalmente a nota, o assistente que corrigira a prova, por descargo de consciência reviu-a e disse-lhe, com efeito, que tinha havido um lapso: aquele 4 seria um 10, mas agora… havia já caso julgado! Isto é, sem hipótese de reclamação ou de um qualquer recurso… uma vez publicada a nota.

 

 

Querem injustiça maior?

 

 

Não, que nada poderia fazer quando era ele o Senhor Absoluto da Cadeira.

 

 

Isto é autêntico!

 

 

E mais a mais de estranhar quando há um princípio geral de processo segundo o qual os erros materiais corrigem-se, a rogo ou oficiosamente quando detectados.

 

 

O acto de julgar, segundo doutrina assente fora de portas, é um misto de acto administrativo e de decisão judicial, dotado das inerentes garantias...

 

 

No caso, nulas as garantias, portas escancaradas ao arbítrio! Ante o poder absoluto dos docentes com funções de correcção das provas, o que restará às vítimas?

 

 

Curiosamente, numa Universidade privada, nos arrabaldes de Lisboa, há menos de um ano, a um aluno foi negada a revisão da prova.

 

 

 

 

Nem sequer à prova, cotada com um 0 (zero), se facultou ao aluno o seu acesso para eventual impugnação. Negativa absoluta. Recurso às autoridades académicas. A mesma recusa criminosa… num destempero inqualificável! Como se vivêssemos em terra sem Lei, sem Direito nem Justiça!

 

 

Os pais “mexeram-se”, interpuseram uma providência cautelar que da interposição ao começo da "audiência" durou 5 (cinco) meses…

 

 

Cinco longos e perniciosos meses em acto revestido de urgência que redundaram no prejuízo de um ano. Porque o Estado não é eficiente. Porque a morosidade nos tribunais parece regra assente. E faz da urgência de um procedimento o mesmo que se faz ao chapéu de um pobre: amarrota-se e deita-se no caixote do lixo…

 

 

Conclusão, um ano perdido (cadeira de licenciatura) em que nas práticas o aluno tivera 16 e fora contemplado nas teóricas (ou vice-versa) com um zero para não ter hipóteses, vá-se lá saber por que motivações,  de se classificar…

 

 

Quando os docentes universitários se travestem de "adolfinhos" (senhores absolutos com a vida dos estudantes à sua mercê) é o que acontece…. Impunemente, afinal!

 

 

Uma só nota a propósito do recurso aos tribunais pela recusa da apresentação da folha de prova classificada com um zero. A coisa atingiu, crê-se, 3 ou 4 estudantes do mesmo curso.

 

 

O que entendeu demandá-los judicialmente, acabou por conseguir, de um modo ou outro, os seus intentos (pormenores à parte), ainda que tarde e a más horas...

 

 

Os mais, sem iniciativa, "atentos. veneradores e obrigados", repetiram o ano, pacientemente, com os inerentes custos de inscrição, matrícula e propinas e nem sabemos se terão logrado êxito nos exames finais…

 

 

Registe-se de novo: para todos e cada um, tratava-se da cadeira de formatura.

 

 

 

 

O que nos leva às formulações de um português, advogado em Paris: enquanto esta gente não fizer valer os seus direitos, o arbítrio, a iniquidade e a prepotência triunfarão!

 

 

Há quer tempestiva e terminantemente! Que ditadores "à moda do Monte da Caparica" é espécime que por aí abunda...

 

 

Lá fora  haveria logo uma reacção imediata e os algozes não se ficariam a rir!

 

 

Como aconteceu, em Portugal, com a família do estudante vítima de atropelos tais por particularidades que não vêm ao caso. Os mais “meteram a viola no saco”!

 

 

Quando é que, entre nós, nos predispomos a levantar a cerviz e a pugnar tão só pela DIGNIDADE que em tudo nos assiste?

 

 

Quando é que as entidades tutelares porão ordem nos desvarios que perpassam pelas Universidades, em particular nas Privadas, onde tudo acontece com o maior descaramento, como no caso?

 

 

Não é geral? Quem é que nos garante que não é geral?

 

 

Bastaria, no entanto, um caso para nos pôr os cabelos em pé e de orelhas arrebitadas…

 

 

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