06/06/2024, 10:54 h
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EDITORIAL
Por Álvaro Neto (Diretor da Gazeta de Paços de Ferreira)
EDITORIAL
Está prestes a findar a campanha eleitoral para as europeias 2024 e, como era previsível, as forças políticas maioritárias, que governaram o país nas últimas dezenas de anos, não abordaram questões incómodas do projecto europeu, ou fizeram-no num tom de concordância, que nos leva a pensar que estarão interessadas na defesa de interesses que muito pouco tem a ver com os da maioria do povo português.
Na abordagem da situação económica dos últimos anos, a guerra da Ucrânia surgiu como elemento justificativo de vários índices, nomeadamente da inflação e do custo da energia, mas teve-se sempre o cuidado de deixar “dentro da prateleira” a responsabilidade dos gestores europeus, nomeadamente, no lançamento de inúmeros “ pacotes sem precedentes” de sanções económicas contra a Rússia, que iam fazendo ricochete e, em vez de prejudicarem a Rússia, vinham prejudicar os povos europeus.
Atualmente, vivemos um ambiente político de militarismo, que vem sendo criado, desde algum tempo, com a evolução da guerra menos favorável para a Ucrânia, que poderá ter consequências, para já imprevisíveis, mas que não auguram nada de bom.
Assim, determina-se que os países europeus venham a afetar até 3% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para despesas militares e que, eventualmente, regressem ao SMO (serviço militar obrigatório) para defender os “nossos valores” da “ameaça russa” que aí vem.
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Entretanto, os países europeus envolvem-se, cada vez mais intensamente nesta guerra que, recorde-se, é uma guerra por procuração entre Estados Unidos da América e a Rússia visando preparar o confronto principal entre os Estados Unidos e a China.
Ora o aumento com as despesas militares vai implicar a diminuição orçamental das despesas com o Estado Social: educação, saúde, segurança social.
Infelizmente, esta orientação de diminuição do Estado Social já se verifica em normas europeias que os nossos governantes têm vindo a seguir, como “bons alunos”.
Trata-se do teto de 3% do PIB para o défice orçamental e da ameaça de sanções para os países com dívidas públicas que excedam 60% do PIB, caso este limite seja excedido.
E a imposição destas regras, “ via poupança “, que desde a adesão ao euro condena ao declínio o nosso SNS, a nossa escola pública, os nossos serviços públicos, e ao empobrecimento contínuo de todos os seus profissionais.
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