11/09/2024, 0:00 h
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CULTURA
Eu, um mero narrador, deveria ser um observador impassível, um mero cronista dos acontecimentos. Mas como resistir àquela personagem? Com seus olhos de mel e cabelos que dançavam ao vento, ela era um furacão em minha mente, varrendo qualquer resquício de objetividade.
A princípio, a ideia de me apaixonar por alguém que eu deveria apenas descrever era absurda. Um não retumbante ecoava em minha mente. Mas, à medida que a história se desenrolava, a linha tênue entre a realidade e a ficção começou a se desfazer. Comecei a criar uma conexão profunda com ela, uma afinidade que transcendia as palavras escritas.
A partir daquele momento, a imparcialidade se tornou um luxo que eu não mais podia me dar. Minhas descrições, antes neutras, agora carregavam a carga emocional de meus sentimentos. Eu já não era mais um observador externo, mas um participante ativo na narrativa.
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E como não me envolver? Aquela beleza era uma armadilha, um jogo sujo que eu sabia que deveria evitar. Mas a paixão é cega, e eu me entreguei a ela de corpo e alma.
Em silêncio, guardei meu amor, prometendo a mim mesmo que nunca revelaria meus sentimentos. Afinal, um narrador apaixonado é um paradoxo, uma contradição. E eu não queria perder minha credibilidade.
Assim, decidi encerrar a história por aqui. A partir de agora, sou apenas mais um leitor, apaixonado por uma personagem que nunca existiu.
Fim
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