O machismo está nos mínimos detalhes e devemos sempre fazer eco da nossa voz para que ela não seja abafada.
Assédio, porque nos calamos…
Sabemos que, como mulheres vivendo numa sociedade machista, racista, homofóbica, marcada por desigualdades, estamos sujeitas à sorte de preconceitos de acordo com a nossa estética, a nossa posição social, a nossa cor, a nossa orientação sexual e, claro, o nosso gênero. Infelizmente o assédio está constantemente presente em nossas vidas, marcando-nos e limitando a nossa atuação na sociedade.
Somos ensinadas desde pequenas a comportarmo-nos e vestir adequadamente para não dar margem a investidas masculinas. Aprendemos que o sexo masculino é predador e que nós é que devemos afastar esse instinto, já que nós é que temos o poder de despertá-lo por meio das “liberdades” que damos e da imagem que possivelmente podemos passar.
Quando sofremos assédio, independentemente do lugar e da situação, muitas de nós somos coagidas e não conseguimos agir rapidamente para inibir quem nos assedia. E são tantas as vezes que temos de fingir não perceber as investidas nojentas do macho, na sua condição que a sociedade lhe atribui, em gestos insinuantes, e ao serem parados, alegam imediatamente que é somente um jogo de sedução e consentido.
Hoje, refletindo sobre essas situações e muitas outras que nós mulheres em geral passamos, percebo como geralmente somos educadas para aceitar o assédio como se ele fosse algo corriqueiro e não uma violação de nosso espaço, de nossa intimidade. Os homens agem connosco como se o nosso corpo fosse um território livre.
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Sendo assim, uma das possíveis saídas para que as mulheres se emancipem de fato e sejam donas de seus próprios corpos e de sua própria mente é uma educação pautada pelo feminismo, sem reproduzir estereótipos de gênero. Devemos ser educadas não para a aceitação e o silêncio.
E silenciamos porque, a culpa é sempre nossa, ou porque nos vestimos ou agimos de forma provocadora e pobre coitado, não tem a culpa de ser tão macho que não possa resistir. Lembram-se do livro “o romance da raposa”? aquela fala do lobo que diz: “…. Cheirar e não comer, nunca o lobo, mas o cão …” pois é, essa é a máxima praticada pela grande maioria.
O machismo está nos mínimos detalhes e devemos sempre fazer eco da nossa voz para que ela não seja abafada. Devemos ocupar espaços de poder, que são nossos por mérito, porque estamos preparadas para isso, somos inteligentes o suficiente para o ocupar, mas que historicamente nos são negados, e viver a nossa vida de igual para igual. Não somos mais, não somos menos, somos iguais.