01/10/2022, 0:00 h
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Perante as alterações climáticas, a descarbonização global tornou-se premente, despoletando, então, a corrida na busca de soluções que conciliassem as necessidades energéticas do ser humano, bem como a preservação ambiental. A energia solar, eólica e hidroelétrica personificam as fontes mais adequadas tendo por vista a contenção do aumento do aquecimento global. Mas questiono: será isto tão linear assim?
Em 2015 deu-se o acordo de Paris, visando o trabalho convergente e sinérgico dos líderes mundiais no âmbito das alterações climática, com o objetivo motriz, a longo prazo, de manter o aumento da temperatura média mundial abaixo dos 2 °C.
A Revolução Verde desenvolveu a designada “transição energética”, que consiste na passagem do uso de fontes não renováveis (combustíveis fosseis) para o uso de fontes renováveis (zero carbono). Tal como qualquer outra revolução industrial, esta, carece de matérias-primas. Neste cenário, recorre-se maioritariamente á China de onde são extraídos os metais raros. Estes, são imprescindíveis para a produção de tecnologia necessária para gerar energia renovável. As energias limpas não têm demonstrado um impacto negativo no clima, muito pelo contrário, elas são vistas como uma solução para a crise climática, tal como referi anteriormente, mas o processo que envolve a extração dos minérios utilizados, revela-se bastante poluente. O que nos faz (ou deveria fazer) refletir se o balanceamento entre os benefícios do produto final e a sua produção se traduzem numa solução compensatória.
Os ecossistemas das terras exploradas são comprometidos de forma direta pela extração e refinação dos metais raros. Materializando a afirmação: se pretendermos refinar 1 tonelada de terras raras, estaremos a impelir à libertação de cerca de 2000 toneladas de lixo tóxico. Este crime ecológico afeta as zonas rurais, prejudicando as culturas agrícolas e, consequente e indubitavelmente, as economias familiares. Para além da contaminação de resíduos tóxicos também a poluição visual é um problema acentuado, tendo em conta a desfiguração das paisagens. Terras, antes verdes, limpas e agradáveis, são agora autênticos espaços cinzentos e mortos.
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O problema (ou o outro lado, se o leitor assim o quiser interpretar) das energias verdes, não reside unicamente sobre os metais raros, mas também na utilização de matérias de difícil descarte e reutilização como é o caso das pás eólicas. Tendo em conta que as turbinas eólicas têm uma vida média útil de 30 anos, surge a seguinte questão: Qual será o destino das toneladas de resíduos produzidos pela indústria eólica? Isto para não falar das baterias automóveis que, assim como as pás eólicas, enfrentam dificuldades de reciclagem.
Deste modo, o mundo atual assemelha-se ao ato de “varrer o lixo para debaixo do tapete”. Eis o verdadeiro paradoxo: enquanto uns assumem compromissos ecológicos de “limpar”, outros “sujam” para que isto se torne possível.
Finalizo, enfatizando a ideia de que o objetivo primordial não é tomar partido de caminho algum nesta temática, simplesmente expor ao leitor a dicotomia que existe e que devemos todos ter em linha de conta, quando falamos deste tema tão pertinente.
Beatriz Gomes
Militante da Juventude Socialista de Paços de Ferreira
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