07/06/2025, 11:14 h
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Opinião Opinião Politica Juventude Socialista
OPINIÃO POLÍTICA
Por João Pavão (Militante da Juventude Socialista de Paços de Ferreira)
O vídeo, transmitido em horário nobre na TVI, transmite uma narrativa manipuladora, com informações distorcidas e imagens que procuram induzir sentimentos de culpa em vez de promover reflexão.
Este tipo de campanha não é meramente uma expressão de opinião: é ativismo ideológico disfarçado de publicidade. E quando é difundido num canal generalista, com elevado alcance entre crianças e jovens, o impacto torna-se ainda mais preocupante.
Importa recordar que, em Portugal, a IVG é legal desde 2007, na sequência de um referendo democrático e amplamente participado. A legislação em vigor permite a interrupção da gravidez até às 10 semanas, por decisão da mulher, desde que realizada num estabelecimento de saúde legalmente autorizado e com o devido acompanhamento clínico. Esta é uma resposta ponderada a uma realidade complexa, que envolve saúde pública, justiça social e dignidade individual.
Ao contrário do que o referido anúncio insinua, nenhuma mulher recorre à IVG de forma leviana ou irresponsável. O que a lei assegura é que o possa fazer em segurança, com apoio médico e sem ser julgada.
Casos como o recentemente noticiado nos Estados Unidos – onde uma mulher, em morte cerebral, foi mantida ligada a máquinas durante três meses apenas porque o feto apresentava atividade cardíaca – mostram-nos até onde pode ir uma legislação que subalterniza a dignidade da pessoa em nome de convicções absolutas.
Portugal escolheu um caminho diferente: o do equilíbrio, do respeito e da autonomia individual. É esse caminho que importa continuar a defender, com responsabilidade, mas também com determinação.
A liberdade de expressão não pode ser usada como escudo para manipular ou promover retrocessos sociais. Há limites que, em democracia, não podemos aceitar que sejam ultrapassados.
A liberdade de escolha das mulheres não é negociável. E não voltaremos atrás.
Enquanto jovem progressista e militante da Juventude Socialista, acredito num país onde nenhuma mulher tenha de pedir desculpa por decidir sobre o seu corpo. O futuro constrói-se com empatia, ciência e liberdade – nunca com culpa e medo.
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