12/09/2025, 10:04 h
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EDUCAÇÃO
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
Quem partilha essa ansiedade são também os pais, que sentem sempre um “friozinho na barriga” sobre o que o novo ano trará para os seus pupilos.
Contudo, que bom é podermos recomeçar novamente a cada Setembro!
Mudanças nacionais
O Ministério está a reorganizar os serviços e a sua orgânica, extinguindo serviços e criando novos, com competências próprias. As escolas terão que aprender com quem terão que articular.
Uma outra mudança, e que foi mais veiculada, tem a ver com a proibição do uso de telemóveis para todos os alunos até ao 6º ano. A ordem veio de cima (do Ministério), mas muitas escolas já tinham no ano anterior definido essa proibição internamente. Como em tudo, uns concordam, outros discordam, mas agora é lei e há que cumprir!
Também surge como mudança do Ministério a criação de um plano para a recuperação das aprendizagens, mas eu confesso que nem sei como é novidade. Desde a pandemia, em 2020, que surgiram os famosos planos de recuperação das aprendizagens e passados 5 anos cá continuam, embora ninguém saiba muito bem para que servem. Qualquer docente sabe que do seu trabalho diário faz parte tentar recuperar os alunos com mais dificuldades. Mas, em suma, é mais um plano que obriga a burocracia.
Continuam a insistir na criação de algo relacionado com a tecnologia, e este ano insiste-se na criação de Laboratórios de Educação Digital e a exploração da inteligência artificial para a personalização do ensino. Na realidade, é necessário o desenvolvimento das competências digitais uma vez que o Ministério não abre mão da realização das provas/exames nacionais em formato digital e não é essa a metodologia normal de trabalho dos alunos. Então, se é para avaliar as destrezas e conhecimentos dos alunos, faz sentido que eles se habituem a trabalhar mais de forma digital. Contudo, mantenho a minha opinião: não faz qualquer sentido nas faixas etárias mais novas, mas enfim…é para manter.
Problema nacional
Apesar das tentativas e da maior abrangência dos concursos, o grande problema a nível nacional não são os planos e mudanças: é mesmo a falta de professores.
Quando na última década as notícias se centravam nos milhares de professores por colocar, atualmente já se anuncia a falta de professores em muitas escolas e em particular nalgumas zonas do país. Certamente a situação se vai manter nos próximos anos e até agravar e teremos milhares de alunos que não terão professores ao longo do ano, ou num período do ano letivo. No Norte ainda só se sente esse constrangimento de forma temporária (alguns dias ou no máximo um mês), mas a tendência é que o problema também chegue cá.
Muito se muda na educação, mas não adianta mudar por decreto se não se conseguir resolver efetivamente as questões relacionadas com os Recursos Humanos: professores!
É imprescindível valorizar a carreira docente para que os Professores não a queiram abandonar, e para que haja alunos que vejam nela uma oportunidade! Claro que o cidadão normal acha que os professores têm muitas regalias, mas algo se passa para que os que estão a exercer estejam exaustos e desmotivados, para muitos terem abandonado a profissão e optado por outra e, ainda, algum motivo haverá para poucos quererem ingressar na carreira.
Eu sempre disse: não há professores sem alunos. Atualmente devemos pensar que não haverá alunos bem formados sem professores!
Mudanças locais
A nível concelhio este ano também traz mudanças. As escolas do 2º e 3º ciclo estão em remodelação e os alunos terão aulas em contentores. Finalmente as escolas verão as suas condições melhoradas e os alunos terão a oportunidade de manter as boas condições físicas que tiveram na Educação Pré-Escolar e no 1º Ciclo. No entanto, terão que frequentar este ano letivo em contentores, embora com boas condições. O problema residirá certamente na falta de outros espaços, após as aulas.
Uma grande mudança e que implicará com o Pré- Escolar e o 1º Ciclo é a abertura das creches no mesmo espaço, ou seja, nos Centros Escolares. As creches já começaram a funcionar e os restantes níveis só começarão esta semana. Será um desafio articular e encontrar forma de gerir diferentes serviços dentro do mesmo espaço, procurando que não haja limitações para nenhuma das partes. Haverá necessidade de reorganização mas eu, particularmente, estou na expectativa para ver como vai funcionar.
A não esquecer que este ano é ano de eleições e, como cada vez o poder político tem uma maior interferência na vida das escolas, também poderão existir constrangimentos para o normal funcionamento do ano letivo. Espero e desejo que não, principalmente porque sempre considerei e referi que a política deve ficar fora dos portões das Escolas.
A ver vamos…
Para todos, em especial para os principais atores do processo educativo, um bom (re)começo! Que seja um ano de sonhos e realizações!
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