Greve às greves

Joaquim Leal Opinião

OPINIÃO

As greves causam transtornos, sem qualquer dúvida. Se assim não fosse, de que valeria o esforço? Venham daí os homens de boa vontade a, voluntariamente, alargar os cordões à bolsa, aumentar os vencimentos dos subordinados para níveis decentes, criar condições de segurança e esperança no futuro. Fiquem os anti-greves comodamente sentados no sofá a refilarem contra os aumentos dos que lutam, dos que recusam ser marionetas manipuladas nesta feira de pretensas verdades.

Por Joaquim António Leal

OPINIÃO

 

 

Há greves nos transportes, na administração pública, no ensino e nos hospitais. Os médicos ameaçam mantê-la enquanto o governo não lhes garantir melhores condições de trabalho e um serviço nacional de saúde de qualidade.

 

 

Dir-me-ão que nem todas as greves são justas; que há quem esteja pior e continue a trabalhar de cabeça baixa, sem espingardear; que só os privilegiados se metem nestas lutas, porque têm as costas quentes; porque criam problemas a toda a gente; porque, e porque e porque...

 

 

Desde o início do mundo que os benefícios se conquistam com o envolvimento nas lutas, não com a espera passiva pela benevolência do outro. Caim matou Abel para se apoderar dos seus haveres, e os seus descendentes lutaram para não serem feitos escravos pelos seus irmãos. Alguns, por algum tempo, ainda esperaram pela intervenção do Deus justo no equilíbrio dos benefícios, mas depressa perceberam que o seu destino dependia simplesmente dos atos de cada um. E os que não entenderam a tempo tornaram-se servos de quem se adiantou.

 

 

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Queiramos ou não, há os fortes e os fracos, as multinacionais, os que mandam e os que obedecem. Podemos argumentar que não nos resta alternativa senão cumprir as ordens, trabalhar a troco dum pequeno ordenado, ser precário para não perder o emprego. Mas o que ninguém nos pode negar é o direito à indignação, à luta pelos nossos direitos, pela justiça. E isso faz-se sob a bandeira dum sindicato, em grupos organizados, para se ser mais fortes.

 

 

A luta de classes não é um chavão (como os poderosos teimam, com bastante sucesso, a convencer-nos), é a única forma de impedir que os mais fortes esmaguem os mais frágeis, fazendo com que estes aceitem a sua condição.

 

 

As greves causam transtornos, sem qualquer dúvida. Se assim não fosse, de que valeria o esforço? Venham daí os homens de boa vontade a, voluntariamente, alargar os cordões à bolsa, aumentar os vencimentos dos subordinados para níveis decentes, criar condições de segurança e esperança no futuro. Fiquem os anti-greves comodamente sentados no sofá a refilarem contra os aumentos dos que lutam, dos que recusam ser marionetas manipuladas nesta feira de pretensas verdades.

 

 

Pretendemos alargar o fosso entre quem manda, decide e fica com a riqueza e os que os servem com poucos ou nenhuns direitos? Se sim, façamos greve às greves para que tudo piore, ou, na melhor das hipóteses, fique como está.


 

 

 

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