10/11/2023, 0:00 h
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OPINIÃO
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Há greves nos transportes, na administração pública, no ensino e nos hospitais. Os médicos ameaçam mantê-la enquanto o governo não lhes garantir melhores condições de trabalho e um serviço nacional de saúde de qualidade.
Dir-me-ão que nem todas as greves são justas; que há quem esteja pior e continue a trabalhar de cabeça baixa, sem espingardear; que só os privilegiados se metem nestas lutas, porque têm as costas quentes; porque criam problemas a toda a gente; porque, e porque e porque...
Desde o início do mundo que os benefícios se conquistam com o envolvimento nas lutas, não com a espera passiva pela benevolência do outro. Caim matou Abel para se apoderar dos seus haveres, e os seus descendentes lutaram para não serem feitos escravos pelos seus irmãos. Alguns, por algum tempo, ainda esperaram pela intervenção do Deus justo no equilíbrio dos benefícios, mas depressa perceberam que o seu destino dependia simplesmente dos atos de cada um. E os que não entenderam a tempo tornaram-se servos de quem se adiantou.
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Queiramos ou não, há os fortes e os fracos, as multinacionais, os que mandam e os que obedecem. Podemos argumentar que não nos resta alternativa senão cumprir as ordens, trabalhar a troco dum pequeno ordenado, ser precário para não perder o emprego. Mas o que ninguém nos pode negar é o direito à indignação, à luta pelos nossos direitos, pela justiça. E isso faz-se sob a bandeira dum sindicato, em grupos organizados, para se ser mais fortes.
A luta de classes não é um chavão (como os poderosos teimam, com bastante sucesso, a convencer-nos), é a única forma de impedir que os mais fortes esmaguem os mais frágeis, fazendo com que estes aceitem a sua condição.
As greves causam transtornos, sem qualquer dúvida. Se assim não fosse, de que valeria o esforço? Venham daí os homens de boa vontade a, voluntariamente, alargar os cordões à bolsa, aumentar os vencimentos dos subordinados para níveis decentes, criar condições de segurança e esperança no futuro. Fiquem os anti-greves comodamente sentados no sofá a refilarem contra os aumentos dos que lutam, dos que recusam ser marionetas manipuladas nesta feira de pretensas verdades.
Pretendemos alargar o fosso entre quem manda, decide e fica com a riqueza e os que os servem com poucos ou nenhuns direitos? Se sim, façamos greve às greves para que tudo piore, ou, na melhor das hipóteses, fique como está.
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