08/06/2023, 0:00 h
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Opinião Opinião Politica Partido Comunista
OPINIÃO POLÍTICA
1 - No território das ausências
Ausente, diz a dialética, significa não-presente.
Quando há uma Diretora Geral de Saúde que por limite de idade e vontade própria renuncia ao cargo só podemos dizer que urge substitui-la. Sendo o cargo por nomeação, mandaria o bom senso e a normalidade democrática que se escolhesse um nome, um perfil, adequado ao cargo. Tal escolha culminaria um processo de auscultação de opiniões e de valorização de alternativas, nomeadamente no interior das instituições do Estado, Universidades, organizações profissionais. Quem dotado desta responsabilidade de nomear com critério não o faz em tempo util, comprova que também ele não possui capacidade política ou estatuto moral para servir a Democracia e a dignificar. Por mais manobras ou argumentos de diversão empregues, aqui justificando o hiato existente por falta de candidatos, não se ilude o constatável. A crise de valores é profunda.
Em outras situações conhecidas do SNS atual há a mesma ausência, a mesma incapacidade.
O Hospital da Régua não tem administração há mais de um ano. Conheço outras ausências, algumas bem próximas. A mesma incapacidade de se assumir a vontade de respeitar as regras administrativas, a mesma incapacidade de se libertar os cargos da tutela político-partidária, asfixiante, unilateral. O bloco central político dos interesses, do PS e do PSD, em rotatividade, colocou a sociedade civil num colete de forças, que espremida se mostra exangue nos seus melhores elementos.
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2 - A notícia do cerco da sede nacional do PS pelo Chega, com toda a iconografia e significado, deve ser lida à luz do avanço sério da extrema direita europeia e mundial, que mostra há muito as garras no discurso e nos atos, nas instituições, nas redações, nas empresas e na rua.
Só a cegueira político-partidária do PS não o vê, nas políticas, nas cedências, nas derivas belicistas. O passado de outras iniciativas do fascismo, como o apelo à proibição da Festa do Avante ou de iniciativas ou vozes pela Paz, que contou com a conivência do PS, não escondia propósitos mais gerais contra os princípios democráticos. E, portanto, quem semeia ódios, colhe tempestades.
Uma verdade: não faltarão à esquerda do PS vontades e esforços para defender a democracia (limitada) em que vivemos.
Cristiano Ribeiro, membro do PCP
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