DUAS NOTAS: SEM PERDÃO E ABRILISTAS

SEM PERDÃO

Os deputados do PSD e do PP apressaram-se a permitir que um deputado eleito da extrema-direita ligado ao terrorismo já em plena democracia fosse pelo seu voto para vice-presidente da AR.

Os deputados do PSD e do PP (com a abstenção da extrema-direita) vão nomear uma Ministra da Justiça, que, por orientação original, balança entre ser filha de um elemento eminente da extrema-direita e os corredores de escritório de advogados proeminentes.

Faço um esforço da memória.

Em 1976, perto da minha residência de família em Medancelhe, Rio Tinto, os bombistas do MDLP, com inspiração ideológica em Diogo Pacheco de Amorim e José Miguel Júdice, destruíram à bomba, em acto ignomioso, parte da casa de um amigo e valoroso democrata antifascista de seu nome Alberto Teixeira de Sousa.

Este professor e matemático, nascido em 1915, era uma referência política, cívica e moral, que, em tempos de juventude, me iluminou a formação intelectual.

Foi o primeiro presidente da Comissão Administrativa pós 25 de Abril da Câmara Municipal de Gondomar.

A sua família, que estimei e de quem fui sempre estimado, foi um referencial democrático. Em nome dessa memória agora dolorosa, não perdoo.

Nunca.

ASSINE A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA

ABRILISTAS

Congratulo-me com a presença de muita gente nas comemorações dos 50 anos do 25 abril de 1974 por todo o país. É um bom sinal. Há gente que não esquece, novas gerações que querem saber.

Mas chamo a atenção para os abrilistas das datas redondas, personagens mediáticas, que, ao longo dos anos, se fartaram de denegrir as comemorações anuais, no seu significado e no seu conteúdo, e agora aparecem de cravo ao peito.

Não sabem sequer as letras das canções de Abril, nem lhes encontraram substituto.

Mas vão na carruagem...