29/08/2024, 10:07 h
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EDITORIAL
EDITORIAL
Foram publicados recentemente os lucros referentes ao primeiro semestre do ano obtidos por alguns grupos económicos que, pelos seus valores astronómicos, contrastam largamente com os rendimentos da maioria da população portuguesa e sustentam a ideia de uma enorme desigualdade social entre rendimentos do Capital e do Trabalho.
No último semestre treze empresas cotadas no PSI-20 acumularam lucros superiores a 3 mil milhões de euros: bancos – 2,6 mil milhões de euros; EDP 762 milhões – aumento de 75%; SONAE 75 milhões – aumento de 14%; PINGO DOCE – 253 milhões.
Os cinco grandes bancos conseguiram tantos lucros – em seis meses – quanto tinham obtido durante todo o ano de 2022:
• Caixa Geral de Depósitos – 889 milhões – mais 46% face aos seis meses de 2023;
• Santander – 548 milhões – mais 64% relativamente a igual período;
• BCP – 486 milhões – mais 15%;
• NOVO BANCO – 370 milhões – menos 1%;
• BPI – 327 milhões – mais 28%.
Em contraste, os trabalhadores auferem baixos salários, assim como os pensionistas e reformados as suas pensões, que vêm conhecendo insignificantes aumentos, que nem de perto nem de longe assumem, percentualmente, os valores dos aumentos daqueles lucros, e que acabam por ser engolidos pelos valores da inflação.
A riqueza produzida pelos trabalhadores é “capturada” pelas grandes empresas para retribuírem principescamente os seus accionistas e administradores, fundos de investimento, banqueiros e especuladores, que, em grande medida, é transferida para contas no estrangeiro.
Isto acontece, “naturalmente”, porque os sucessivos governos que temos tido, apesar das diferentes designações (socialista, social democrata), são governos dos grandes grupos económicos, e que se servem, habilmente, dos principais órgãos de comunicação social, de que são proprietários, para “conformar” aos seus interesses os restantes grupos sociais, com as “fátimas, fado e futebol” da era moderna.
Para motivo de reflexão, refira-se, por último, que a grave desigualdade na repartição da riqueza criada no país se pode vislumbrar no facto de a percentagem do PIB que os trabalhadores recebem (ordenados e salários) não aumentou desde 2010, apesar do seu número ter aumentado em 400.000, e é inferior à dos patrões, apesar destes serem 6% dos trabalhadores, como se pode ler em recente estudo do economista Eugénio Rosa.
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