24/08/2023, 0:00 h
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EDITORIAL
Alvaro Neto
A Jornada Mundial da Juventude tem suscitado, naturalmente, críticas da mais diversa ordem.
A primeira prende-se com o princípio constitucional de separação entre o Estado e as Igrejas.
De acordo com este princípio, tal como não compete ao Estado e instituições públicas, promover e organizar cerimónias religiosas, também não lhes compete construir equipamentos de culto.
Um segundo tipo de críticas diz respeito aos sumptuosos gastos pelo Estado e pelas autarquias nessas obras.
Naturalmente, a laicidade do Estado não é entendida por todos de igual forma.
Entendemos que o ideal laico deve considerar-se como um ideal de tolerância, para permitir que as religiões possam existir e conviver, de forma pacífica, cabendo ao Estado garantir que nenhuma delas seja discriminada e que nenhum cidadão seja prejudicado pelas suas convicções e práticas religiosas.
Assim, o Estado laico salvaguarda a autonomia do poder civil em relação ao religioso. Garante a liberdade de consciência e de religião.
Salientamos a tolerância religiosa e de consciência, incluindo a tolerância para os que não seguem religião alguma.
Reconhecemos que a religião e as suas práticas podem ser um espaço de referência ética e um refúgio de organização espiritual imprescindíveis para a felicidade de muitas pessoas.
Por estas razões, entendemos que o Estado Português, ao apoiar a Jornada Mundial da Juventude, não viola, em tese geral, o princípio constitucional de separação do Estado e das Igrejas.
Já o nosso entendimento é radicalmente diverso quanto à forma e aos termos desse apoio, nomeadamente quanto aos sumptuários gastos que esse apoio tem revestido.
Aqui o Estado e as autarquias excederam a decência do admissível.
Tomaram claramente uma opção visando ganhos políticos nacionais e internacionais.
Recorde-se que este é o mesmo Estado e as mesmas autarquias que assistem impávidos e serenos ao colapso de muitos serviços públicos, e se mostram mudos e surdos quanto às sérias dificuldades com que se debatem diariamente milhares de portugueses.
E estas opções também têm os seus custos, que, mais dia menos dia, terão de ser pagos.
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