09/02/2024, 0:00 h
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OPINIÃO
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Estou em crer que classe mais séria que a dos políticos não existe, contudo, de tempos a tempos lá vem a imprensa, o Ministério Público e a Polícia Judiciária a lançarem suspeições sobre esta gente. É claro que se se põem a remexer muito a terra lá aparecem as minhocas. É a natureza. Há uns dez anos resolveram chatear o Sócrates que, coitado, desde que perdera o salário de primeiro ministro, teve de fazer pela vida. Em Portugal a vida estava difícil e o subsídio de desemprego não dava para pagar as contas. Contudo, como tinha bons amigos, um deles cedeu-lhe, gratuitamente, um apartamento no centro de Paris. Foi uma sorte a casa estar livre. Mas vejam lá como são as coisas: o homem aproveitara o alojamento por ter sérias dificuldades para pagar casa própria, e acabou acusado de ter sido corrompido enquanto membro do governo porque vivia acima das suas possibilidades. Acusações que não lembram ao diabo. Julgam que lhe foi fácil abandonar o seu querido Portugal e emigrar para França? Só o fez porque a alternativa era dormir debaixo duma ponte.
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Com o Sócrates foi assim, mas ainda bem que nem todos tiveram o mesmo tratamento. Há uns anos, por exemplo, ficou-me a pulga atrás da orelha quando, a propósito da insolvência do Banco Espírito Santo, soube que se levantavam algumas dúvidas quanto à seriedade do então presidente da república, Cavaco Silva, e dos amigos/ antigos ministros do seu governo. Senti a mesma comichão relativamente ao seu envolvimento na aquisição do Altice Arena por parte do seu genro. Na altura levantou-se pouca poeira, pois, por que carga de água haviam de tirar o sono a Sua Excelência e ao marido da sua rica filha?
Agora, volvidos mais uns anitos, no momento em que um se prepara para alapar a parte traseira no banco dos réus e aos outros já passou o susto, eis que as armas se voltam de novo contra alguns infelizes: políticos e empresários da Madeira. Os homens estavam tranquilamente a tratar de manter a ilha à tona, sem outros interesses, e, do nada, aparecem-lhes dois aviões cheios de polícias a remexer-lhes os papéis. Dizem que talvez tenham metido a mão no prato, ignorando totalmente que quem tem um pote de mel na frente, dificilmente consegue resistir a meter-lhe o dedo. O problema, adiantam os maldizentes, é que os indivíduos não se limitaram a meter o dedo, e enfiaram a mão inteira no pote de mel. Mas tudo não passa de um mal-entendido. Só pode ser.
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