Por
Gazeta Paços de Ferreira

28/03/2025, 11:27 h

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“A galinha da vizinha… é mais gorda que a minha!”

Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA

EDUCAÇÃO

Este é um provérbio popular bastante conhecido e que tem andado na minha cabeça devido a algumas situações que tenho vivenciado na minha vida pessoal e profissional.

Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)

 

Os provérbios são uma forma sábia do povo transmitir, através de linguagem metafórica, alguns costumes, valores éticos e sociais.

 

Este provérbio, em particular, transmite a ideia de que as pessoas nunca estão contentes com o que têm e pensam que o que os outros têm (bens, dons…) são sempre melhores do que os seus. Por outras palavras: os outros têm mais sorte! Subjacente a esta ideia, está um sentido de inveja. E já diziam os meus sábios avós: “A inveja não deixa medrar”. Bom, “medrar” é crescer.

 

 

A Escola da Vida

 

O provérbio que dá título a este artigo faz tantas vezes sentido na vida pessoal e profissional das pessoas! Há até quem acredite no mal da inveja e tenha em casa sempre umas plantinhas que protegem do mau-olhado ou mal da inveja. 

 

Pessoalmente não sou crente nessas coisas, mas respeito quem o é. Aliás, plantinhas também não fazem mal a ninguém. 

 

Do meu ponto de vista a questão nem está no invejado, mas no invejoso e para esse nunca ouvi falar em planta de proteção. 

 

Se nos focarmos na vida profissional e na vida pessoal, penso que o invejoso só tem um caminho: trabalhar, investir, cultivar o seu potencial. O segredo é não estar preocupado com o sucesso dos outros, mas perseguir os seus sonhos com empenho, persistência e zelo. Valorizar as suas conquistas e superar os obstáculos. 

 

O trabalho, com brio, mais cedo ou mais tarde traz os resultados. 

 

Cada vez que invejamos os resultados dos outros, paramos para invejar também o seu trabalho, os seus sacrifícios? De quanto abdicam ou quanto se esforçam? 

 

Vou usar uma frase copiada algures na Internet mas que uso muitas vezes: “Antes de julgar a minha vida ou o meu carater…Calce os meus sapatos e percorra o meu caminho…”

 

A Escola da Vida tem dificuldade em ensinar algumas pessoas…e a Vida nas Escolas também não está a conseguir mudar esse aspeto.

 

 

A vida nas Escolas

 

Vou abordando aqui a questão escolar até porque é um meio que conheço muito bem. Não me canso de tentar que mudem alguns paradigmas, mas às vezes parece que em de melhorarem, pioram. Não está fácil remar contra a maré…

 

E enquanto docente posso partilhar que na Escola também se aplica o provérbio “A galinha da vizinha é mais gorda do que a minha”. Aplica-se entre docentes que não olham para o empenho dos colegas, mas ainda os criticam quando “vestem de facto” a camisola. Mas esse não é propriamente o que me causa irritação…

 

 

 

 

O que me irrita profundamente é o ambiente que se vive entre alunos e entre pais e de alguns destes últimos com a escola. A competitividade entre alunos fomentada pelas famílias, a inveja do sucesso de crianças…

 

Pois bem, deixem-me que vos diga que parte do sucesso dos alunos vem do seu trabalho, mas muito dele está cimentado pelas famílias. Pais que acompanham e valorizam a vida escolar dos filhos, potenciam o sucesso escolar. Famílias que participam nas atividades escolares, que abdicam do seu tempo para mostrar aos filhos que a Escola é uma prioridade, transmitem-lhes confiança e responsabilidade. 

 

Há pais que fomentam fora do portão quezílias, que em cada esquina ou na “surdina” de telefonemas particulares procuraram destabilizar, que usam o tempo para denunciar o sucesso invejado …enquanto isso FELIZMENTE há outros que trabalham em prol dos seus filhos e de todos os outros. 

 

Claro que quando digo eu não é fácil remar contra a maré, refiro-o pois não é fácil educar crianças que na escola ouvem noções de solidariedade, cooperação, cidadania e em casa são bombardeados com ideias de individualismo, de competitividade… 

 

Tanto falo na educação parental por isso! É urgente que se perceba que esses pais estão a criar filhos que não serão bem aceites na sociedade, de quem os outros não vão gostar, para quem não haverá pachorra! Confesso que até eu como professora tenho dificuldade em gostar de miúdos que acham que têm um castelo comparados com os outros…humildade, precisa-se!

 

Voltando a pegar no provérbio “A galinha da vizinha e mais gorda do que a minha”, devíamos era parar e preocupar-nos mais que estejamos a alimentar a nossa mal, do que o vizinho alimente a sua bem…

 

Cada um terá a que criar…

 

 

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