27/04/2024, 0:00 h
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OPINIÃO POLÍTICA
OPINIÃO POLÍTICA
Nos corredores do Parlamento Europeu, na sua agenda mediática, consta agora uma denúncia de uma “compra” de deputados europeus por interesses russos. A revelação não era acompanhada de provas, ou de verbas, ou sequer de protagonistas, constituindo-se apenas agora em uma genérica acusação. Fala-se de eurodeputados da França, da Bélgica, da Alemanha, da Hungria, dos Países Baixos, da Polónia.
O inefável Borrell lá comentou no mesmo tom de sempre a dita acusação genérica. O Primeiro Ministro belga referia ter aberto investigação sobre suspeitas de corrupção por uma rede de influência financiada por Moscovo. Na Republica Checa são os Serviços Secretos os autores de denúncia, bem como na Polónia. Uma investigação, ou anúncio de inquérito, tal é a narrativa oficial de uma União Europeia sedenta de encontrar “traidores” à causa ucraniana. Uma delas já conhecida, e referenciada, é uma eurodeputada estoniana que não se inibe de proclamar a sua posição politica sobre o conflito entre a Rússia e a NATO.
Não sendo identificadas no futuro irregularidades ou financiamentos ilícitos relativos ao desempenho de eurodeputados nas instâncias europeias, permanecendo jurídica e politicamente inválidas as acusações de manipulação, ou de dependência, tornar-se-iam evidentes que as referidas acusações não passariam de castigos decorrentes de delitos de opinião. Seria uma Europa a caminhar rapidamente para o livre arbítrio, para a censura das ideias e opiniões, para o pensamento único e totalitário. Aliás há inúmeros indícios desse caminho em curso.
Recentemente foi lançado o livro do jornalista Bruno Amaral de Carvalho “A guerra a Leste- 8 anos no Dombass”, com apresentação em Lisboa, Coimbra e Porto, sob a chancela da Leya –Caminho. O autor foi o único jornalista ocidental em 2022 na região separatista pró-russa e daí testemunha única da realidade vivida desde 2014. Foi correspondente da CNN no início da guerra. Numa sociedade democrática e livre seria voz a ser ouvida com atenção, mesmo que contestada. Porém como a narrativa não interessa ao mainstream mediático e politico, é voz silenciada. Nenhuma televisão pública ou privada se referiu à obra publicada. Há um autêntico “cordão sanitário” estabelecido que inclui mesmo colegas de profissão. Nos 50 anos de Abril, há pequenos ditadores, amanuenses obedientes, que só merecem desprezo.
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O alinhamento da União Europeia com o genocídio palestiniano em Gaza constituiu também uma marca da desorientação e incompetências das suas maioritárias elites políticas. Não querendo ou podendo ser um foco de racionalidade, ética ou bom senso, socialistas, demarcando-se do governo da extrema-direita israelita, conservadores, liberais e Verdes optaram por sustentar politicas e políticos assassinos, políticas e políticos auto-destrutivos. O Chanceler alemão Scholz nisso é particularmente significativo. Como gerirá essas opções no futuro, tanto internamente, como externamente? Com as mãos sujas de sangue?
A mesma intolerância perpassa pelo Parlamento Europeu. Em vez de procurar soluções da paz e negociação, em vez de discutir a degradação da capacidade industrial do espaço europeu, em vez de discutir a catastrófica situação do ensino, ou as políticas de natalidade, ou a coesão social, os burocratas de Bruxelas e Estrasburgo entretêm-se a patrocinar jogos de guerra ou cenários de espiões. A extrema direita europeia “amarrou” outros campos políticos às suas orientações, às suas mentiras, às suas fantasias, à sua ideologia.
Em próximas eleições europeias, veremos num quadro de maior desorientação e maior manipulação, o ascenso de forças políticas mais radicais e mais irresponsáveis. Está nas mãos dos povos impedir isso.
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