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Gazeta Paços de Ferreira

19/04/2025, 0:00 h

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A dança de cadeiras

Cultura Opinião Ricardo Neto

OPINIÃO

Há cerca de 20 anos, um franco-congolês chamado Guy Goma dirigiu-se ao edifício da BBC em Londres, para uma entrevista de emprego. Guy Goma era economista e analista, e pretendia ocupar uma vaga na BBC.

Por Ricardo Jorge Neto

 

Chegado lá, e após se identificar e informar que estava ali para uma entrevista, ficou na sala de espera a aguardar que o chamassem. De repente, na recepção entrou um produtor um pouco aflito a perguntar por Guy! A recepcionista apontou na direcção de Goma. O produtor ficou com algumas dúvidas, mas a recepcionista confirmou que de facto era ele. Então o produtor foi junto de Guy Goma e pediu-lhe para o seguir, porque a entrevista iria começar muito em breve. 

 

Entraram num estúdio de televisão, e Goma sentou-se ao lado da jornalista Karen Bowerman do canal BBC News 24. Guy Goma achou tudo muito estranho, mas pensou que o momento inusitado fosse apenas para o testar. 

 

Karen, apesar de achar que o seu entrevistado estava visivelmente nervoso, iniciou a entrevista em direto, questionando Guy Goma sobre a disputa legal entre a Apple Corps, criada pelos Beatles, e a Apple Computers… Goma que não falava fluentemente inglês foi respondendo de forma muito genérica e simpática. 

 

Felizmente para ele, não teve pela frente um José Rodrigues dos Santos, e ao invés de receber a mesma pergunta várias vezes durante 10 minutos, Goma precisou de responder a apenas três perguntas diferentes e rápidas. No final da entrevista, o erro foi descoberto. No lugar de Guy Goma, deveria ter estado Guy Kewney, um expert em tecnologia…

 

Numa altura, em que o país navega à bolina, rumo a várias eleições, é de extrema importância conhecermos bem quem vamos sentar, não no lugar de comentador televisivo, mas nas cadeiras que decidem o futuro de todos. 

 

 

 

 

Mas antes de sermos chamados a decidir, cabe aos partidos e aos demais movimentos cívicos escolher quem irão colocar nas suas listas candidatas. Esta escolha tem grande relevância para os partidos, mas é acima de tudo, fundamental para o futuro dos seus líderes! 

 

Boas escolhas podem conduzir a vitórias, e más escolhas ditarão derrotas, e perda de visibilidade e confiança!

 

Imaginemos um partido que propõe como tema de campanha o fim das touradas, e ter nas sua fileiras um toureiro, ou ser anti pedofilia (como se houvesse algum partido que não o fosse), e depois colocar numa assembleia municipal, um pedófilo… 

 

Obviamente que nestes casos hipotéticos, o ‘’produtor’’ que o foi triar na recepção, assumiria a sua responsabilidade e pediria a demissão! 

 

Felizmente, e ao contrário do caso ocorrido na BBC, nesta dança de cadeiras, antes de sentar efectivamente alguém, o povo terá sempre a última palavra! Por isso, espera-se da sapiência popular, que este escolha os verdadeiros experts, e não políticos sem sentido de responsabilidade, sem capacidade, sem ética e sem valores humanos!

 

 

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