27/04/2021, 20:37 h
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O meu pai teve um enfarte e foi internado. Saber da sua situação já era mau o suficiente, mas, em pandemia e com todas as restrições impostas, sabê-lo sozinho no hospital e sujeito ao cuidado de profissionais de saúde do Hospital Padre Américo, era ainda pior. As visitas estavam proibidas e o único contacto que manteve com o exterior foi através do telemóvel – e mesmo este esteve impedido durante a sua estadia na UCI.
Apesar da ideia que a maioria de nós tem sobre o Serviço Nacional de Saúde – triste e lento –, a verdade é que fomos surpreendidos positivamente.
Durante os dez dias de internamento, dos enfermeiros aos médicos, o serviço de Cardiologia revelar-se-ia excecional.
Marcado por um tempo confortável e repleto de cuidado e dedicação.
Ajudaram-no a utilizar o Whatsapp, forneceram-lhe a internet do hospital e possibilitaram que o meu pai pudesse ter o maior contacto possível com a família, que mesmo impossibilitada de o ver presencialmente, pôde vê-lo diariamente através de videochamada.
Satisfeito, o meu pai não teve nada negativo a apontar, nenhuma queixa a prestar. A comida era agradável [qb para um hospital], o pessoal era competente, simpático e cuidadoso, as máscaras para a proteção contra a COVID-19 eram trocadas com regularidade, várias vezes ao dia.
Depois do tratamento exímio proporcionado pela unidade de Cardiologia do Hospital de Penafiel, foi submetido a uma cirurgia de cinco horas no São João, e pelo tratamento recebido, o agradecimento do meu pai, António Brito, à equipa de Penafiel, estende-se também à unidade de Cirurgia Torácica no São João.
Quando todos criticam o serviço e o atendimento de algo, muitas pessoas, por arrasto, também o fazem. Provavelmente, as experiências negativas relatadas por outros influenciaram a nossa opinião e geraram o medo quando recebemos a notícia de internamento, e quando tomamos consciência do quão preocupante era o seu estado de saúde, no entanto, em meio a uma pandemia e dentro das circunstâncias atuais, é gratificante que tenhamos histórias boas para partilhar.
E se sabemos usar a língua para tecer críticas e comentários infelizes, que a saibamos usar igualmente para louvar o que deve ser louvado. Se numa altura tão difícil como esta, ainda temos boas razões para confiar nos nossos profissionais de saúde, porque não demonstrá-las?
Nem tudo são rosas, é verdade, mas é preciso ter consciência de que para termos a beleza das rosas também devemos aceitar os seus espinhos. Assim, saibamos reconhecer o trabalho, a dedicação e o esforço dos nossos profissionais. Que esta pandemia não sirva apenas para testar a resiliências destes, mas também para nos ensinar a ser mais benevolentes, a saber dirigir uma palavra de apoio e consideração.
Em nome do meu pai, António Brito, e de toda a família, aqui fica a nossa gratidão.
Letícia Brito
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