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Gazeta Paços de Ferreira

13/05/2023, 0:00 h

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Uma experiência na Finlândia

Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA

Os miúdos de 6-7 anos vão sozinhos para a escola e regressam a casa da mesma forma. Observamos isso na escola que ficava em frente ao nosso hotel. Não há portão sequer na escola! Os miúdos são, desde novos, habituados a enfrentar o que nós consideramos perigoso.

Na semana passada estive em Helsínquia, na Finlândia, numa formação de professores cuja temática era a aprendizagem ao ar livre. Dos 17 professores, éramos 2 portugueses, 2 espanhóis, 1 italiano, 1 eslovaco, 2 franceses, 1 grego e 8 romenos.

 

Atividades realizadas

 

Sendo a temática a aprendizagem ao ar livre, foi conjugada a teoria na escola com as saídas constantes ao exterior.

Visitamos espaços culturais, como biblioteca e museus. Saímos para parques e realizamos diversas atividades de exploração da cidade.

 

Breve abordagem ao sistema finlandês

As crianças na Finlândia entram na escola apenas aos 7 anos e têm uma escolaridade de 9 anos. Embora seja ligeiramente diferente conforme o ano que frequentam, têm um horário letivo menos sobrecarregado que o português. No 1º ciclo, por exemplo, apenas têm 20h semanais de aulas, ao contrário de nós que temos 25h. A cada hora, 45 min são de aula e 15min de intervalo. Não há aulas longas. As turmas são mais pequenas do que as nossas, normalmente são 20 alunos no 1º ciclo e depois o número reduz para 15 nos níveis de ensino mais elevados.

O ensino é totalmente gratuito, e o governo investe imenso na educação, assegurando, por exemplo, todo o material que os alunos necessitam na escola, ou seja, os pais não têm que comprar nadinha!

O horário dos professores é semelhante ao nosso, mas como dão menos tempo de aulas, há um grande investimento na preparação de aulas, pois têm tempo para isso. Quanto ao ordenado dos docentes, é diversificado em função dos cargos que têm pois mais responsabilidade corresponde a maior vencimento.

A aprendizagem dos alunos está baseada no desenvolvimento de competências, numa lógica de preparação para a vida. Há uma simbiose entre a vida real e a vida escolar e, por isso, os alunos realizam atividades constantemente fora da escola, seja ao ar livre, seja em espaços culturais.

O professor é respeitado e não há pais a questionar o porquê das suas ações: ele é o mestre na sua área!

A educação é a prioridade do governo e há um grande investimento. As crianças são a prioridade da sociedade.

 

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Conclusões pessoais

A cultura da sociedade finlandesa é diferente da nossa.

Uma das coisas que mais me admirou ao longo da semana foi ver realmente miúdos com 4 anos a passear pelas ruas de Helsínquia com o professor, apesar do frio que se fazia sentir. Chegou a nevar dois dias, o frio era elevado, mas nada disso impedia dos miúdos saírem à rua.

Os miúdos de 6-7 anos vão sozinhos para a escola e regressam a casa da mesma forma. Observamos isso na escola que ficava em frente ao nosso hotel. Não há portão sequer na escola! Os miúdos são, desde novos, habituados a enfrentar o que nós consideramos perigoso. Realizam atividades com serrotes, trepam árvores, e andam sozinhos no meio da capital. São habituados a arrumar as coisas que desarrumam. Verifiquei por exemplo num restaurante que, no final, cada um coloca a sua loiça num grande balcão e confirmei que os alunos nas escolas também o fazem.

Regra geral, é uma cultural social diferente. Os pais e a sociedade respeitam os professores e a sociedade cria as crianças de forma mais livre e sem tanta proteção como nós.

 

Ideias que deviam ser aplicadas em Portugal

Escolaridade obrigatória mais curta (9-10 anos); entrada na escolaridade obrigatória aos 7 anos (mais maturidade); diminuição do tempo das crianças na escola; menos tempo de aula, alternado com intervalos, para aumentar o nível de concentração quando estão em sala de aula; atividade letiva sistemática no exterior, e consolidada na sala de aula; mais tempo para preparação das atividades por parte do professor; devolução do respeito ao professor! Desenvolvimento da autonomia do aluno e preparação para a vida, com uma sociedade menos protetora (quase castradora).

Não é fácil, mas algumas coisas podemos mudar individualmente e eu vou tentar fazê-lo, no que de mim depender.

 

 

Rosário Rocha

 

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