07/12/2022, 0:00 h
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Desde que começou o ano letivo várias foram as escolas que já realizaram as cerimónias relacionadas com o reconhecimento do mérito académico, e cada uma vai designando essa atividade como Dia do Diploma, Prémios de Mérito, ou outra designação que considere pertinente.
Atribuição nem sempre consensual
Por norma, cada vez mais vamos vendo nas redes sociais os papás orgulhosos a exibirem os diplomas dos pupilos. Mas, por outro lado, muitos outros aproveitam as mesmas redes sociais para criticarem e até atacarem a atribuição desses diplomas, discordando, e, diga-se de passagem, normalmente acontece por parte dos pais cujos filhos não são agraciados com esse reconhecimento. Pois bem, serão legítimas as duas posições?
O que diz a lei
De acordo com o art.º 7º do Decreto- Lei nº 51/2012, de 5 de setembro, o aluno tem direito a:
d) Ver reconhecidos e valorizados o mérito, a dedicação, a assiduidade e o esforço no trabalho e no desempenho escolar e ser estimulado nesse sentido;
e) Ver reconhecido o empenhamento em ações meritórias, designadamente o voluntariado em favor da comunidade em que está inserido ou da sociedade em geral, praticadas na escola ou fora dela, e ser estimulado nesse sentido;
h) Usufruir de prémios ou apoios e meios complementares que reconheçam e distingam o mérito;
A minha opinião pessoal
Ora, se a lei diz, cumpra-se! E, se nem todos têm capacidades para atingir resultados de excelência, também é bem verdade que muitos têm, e não os atingem. Portanto, reconheçam-se aqueles que têm capacidades e as aproveitam. Estamos a falar de resultados académicos.
O meu irmão não me levará a mal se me referir a ele na medida em que os professores lhe reconheciam imensas capacidades, mas que ele não aproveitou no campo académico. Ora, sabemos que há casos assim. Em suma, os que aproveitam as capacidades e dão o máximo devem ser reconhecidos.
Também há um lado oposto: de crianças cujas capacidades são mais limitadas na parte académica, pois nem todos somos iguais, e que nunca chegarão ao nível de excelência académico.
Contudo, são alunos cujo esforço e empenho são determinantes para evoluírem até ao máximo do que as suas capacidades permitem. Esses alunos também existem e merecem o reconhecimento.
As escolas têm autonomia para lhe atribuir, por exemplo, um diploma de valor. Eu tenho um aluno assim: um que caminhou muito mais que os outros, embora não tenha chegado tão longe. Mas foi o que mais caminhou…
Tal como há autonomia para atribuir prémios desportivos, meritórios, ou de excelência, os de valor também devem ser tidos em conta.
Tenho orgulho em todos os meus alunos, mas o reconhecimento faz-se todos os dias e nem todos dão o seu máximo.
Sentido de justiça dos alunos
Se perguntarmos aos nossos alunos quem merece ser distinguido em cada categoria, eles são os primeiros a reconhecer. E mais: fazem-no com orgulho dos colegas, mesmo se não se encaixam nos parâmetros definidos.
Os meus alunos do 2º ano fazem-no! E posso dizer-vos que não ficam traumatizados, nem se sentem inferiorizados. Isso acontece essencialmente na cabeça dos papás, que se sentem um bocadinho frustrados por não poderem exibir os filhotes. São eles, normalmente, os principais culpados pela ideia de competição existente entre alunos, quando perguntam as notas dos colegas, por exemplo.
Em suma: distingam-se, tal como a lei prevê, quem merece! Os meus filhos nunca receberam e sabem bem porquê. Se tivessem recebido ficaria obviamente orgulhosa, mas não me sinto menos por tal não ter acontecido. Não o mereciam…e sabem-no.
Rosário Rocha
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