16/01/2023, 0:00 h
996
Não podia ser outro o tema em que me debruçaria neste momento, senão a greve dos profissionais da Educação
Desde dezembro que há pré-avisos de greve para o pessoal docente e, após 4 de janeiro, também para todos os outros profissionais da Educação.
O que é uma escola?
Se formos pesquisar a designação, encontramos várias definições, mas todas elas remetem para um estabelecimento de ensino, onde se ensina, nomeadamente, o currículo das diferentes disciplinas. Em suma, a função da Escola é ensinar!
Ora, comecei exatamente por esta definição, pois, nos últimos dias, a preocupação de alguns pais era onde deviam deixar os filhos. O nosso próprio Ministro deu uma conferência de imprensa, depois de já ter emanado algumas orientações às escolas, onde referiu como a sua principal preocupação a vida dos pais e as dificuldades que têm tido nos últimos dias, pois têm que trabalhar e não têm onde deixar os filhos.
Meu Deus, é por isso que a Escola está doente!!! Já nos tempos dos meus pais e avós, a preocupação de mandar os filhos para a escola era para que eles aprendessem! Quando eu era estudante, a preocupação dos meus pais era igual: a Escola era o local para onde me enviavam e faziam questão que eu frequentasse para adquirir conhecimento. Não devia ser essa a preocupação de todos, pais, sociedade e Ministério?
Pois a escola, infelizmente, tornou-se tudo menos o local onde se ensina e aprende. A preocupação é guardar as crianças e isso percebe-se com o prolongamento do calendário escolar até ao final de junho para o Pré-Escolar e para o 1º ciclo. A preocupação é que as crianças fiquem na escola, guardadas, mesmo quando eles já “enjoaram” a escola, quando o calor aperta e se sente que ninguém está capaz de aprender nada.
A Escola está doente
A função principal da Escola deixou de ser ensinar e o Ministério também não o quer, tanto que manda medidas avulsas no sentido de que se vão adaptando programas às crianças, para que vão passando sucessivamente. Na realidade, a taxa de sucesso é enorme, tudo passa, mas o grau de conhecimentos académicos é reduzido e o número de crianças, ao abrigo da Educação Inclusiva, é cada vez maior, pois colocam-se sob a “capa” de medidas para irem progredindo. Na realidade, é a esse papel que o Ministério remeteu a Escola: ao de guarda até ao fim de 12 anos de escolaridade obrigatória.
E também os professores estão doentes, porque tiraram um curso superior e, ano após ano, são obrigados a fazer formação pedagógica, para ensinar, e cada vez menos têm tempo e condições para o fazer.
ASSINE GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA
O que se reivindica
Pede-se saúde na Escola Pública, aquela em que todos podem entrar sem pagar; aquela a que todos têm acesso, independentemente da situação económica e/ou social. Pede-se que os seus trabalhadores, que têm formação especializada, e que são obrigados a fazer formação sistemática fora do seu horário de trabalho (docentes, auxiliares e técnicos), e muitas vezes paga do seu bolso, sejam reconhecidos pela especificidade das suas funções, e que sejam remunerados como tal! Pede-se que se entenda todas as tarefas que têm atribuídas, e o horário, ou isenção de horário (pois não há hora de acabar, e muitos pais sabem-no, pois respondemos-lhes ou resolvemos problemas à noite e ao fim de semana). Pede-se que nos devolvam seis anos, seis meses e 23 dias, que trabalhamos e não nos contaram! Pede-se que acabem com a vida de saltimbancos dos professores.
Pede-se que as assistentes operacionais, cujo papel é fundamental (até o nome mudou de empregadas para assistentes), vejam valorizadas as suas carreiras, pois ficam presas à evolução do salário mínimo, mesmo tendo mais de três décadas na profissão.
Uma luta de todos
Esta deveria ser uma luta de todos, pois todos deveriam querer que a Escola fosse, essencialmente, um estabelecimento de Ensino, o local onde as crianças começam a abrir as asas para o conhecimento, que lhes permitirá ser adultos funcionais e capazes. Todos deviam estar preocupados, não por lhes faltar a “ama”, mas porque os alunos estão a perder aprendizagens! Mas também se devem preocupar com isso, ao longo do ano: exigir que se devolva à escola o papel principal- ensinar!
A Educação é o pilar da Sociedade. Quando ela está doente, todos nos devemos preocupar com a sua cura, pois, se não o fizermos, corremos o risco da doença se espalhar. Precisamos de valorização deste sector, pois, brevemente, não haverá quem queira dar aulas…e os que estão a dar, estão cansados e desmotivados…Não há paixão que resista a tantos anos de um barco à deriva… Não é de agora, mas o “copo encheu”…
Rosário Rocha
PUBLIQUE O SEU LIVRO
COM
OFICINA DA ESCRITA
Telem +351 912 586 8291 (chamada para a rede móvel nacional)
R. S. João Evangelista, N 1978 4620-113 Covas Lousada
Opinião
13/07/2025
Opinião
13/07/2025
Opinião
12/07/2025
Opinião
12/07/2025