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Gazeta Paços de Ferreira

07/06/2025, 11:40 h

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O NEVOEIRO

Cultura Manuel Maia Opinião

OPINIÃO

À falta de imaginação para melhor título decidi chamar a esta história O NEVOEIRO. Adiante saberão porquê.

Por Manuel Maia

 

História que poderia começar assim, entre dois interlocutores imaginários:

 

- Para onde estás a olhar e o que é que estás a ver?

- Estou a ver as crianças brincando no recreio daquelas escolas.

- Onde?

- Ali, naquela Escola Masculina, os rapazes a jogar “à bola”. E acolá, mais abaixo, naquela Escola Feminina, as meninas jogando “à macaca”.

- Não vejo ninguém?

- É natural! Elas não estão lá! Nem meninos, nem meninas, nem escolas…

 

E agora entro eu na história, qual intruso, vindo do nevoeiro, para o dissipar e clarear o dia.

Melhor dizendo, para derramar luz sobre esta história.

 

Lembram-se? Sim, quem ronda a casa dos 60,70, 80 anos, naturalmente que se lembra das escolas, masculina e feminina, aqui citadas. Naquele tempo era “meninos com meninos e meninas com meninas”. Cada qual na sua Escola. 

 

A masculina, mesmo ao lado dos antigos Paços do Concelho, agora Museu do Móvel, contígua ao antigo Posto da GNR, fazendo esquina com a Av. 1º de Dezembro, mesmo em frente às instalações da antiga Biblioteca, onde trabalhava a D. Rosinha Magalhães. Era uma escola com amplo recreio. Nesta escola teve lugar a primeira tertúlia literária, organizada pela Drª Eduarda Brandão, que exercia, então, as funções de Vereadora da Cultura.

 

A outra, a feminina, situava-se onde agora se instala a Caixa Geral de Depósitos (C.G.D.). Foi nesta Escola que fiz meu exame da 4ª classe. Todos os pacenses, que são mais ou menos da minha idade, se devem lembrar. Escolas construídas muito antes do Estado Novo. Durante o Sec. XIX, penso eu. Por isso, ainda no tempo da monarquia. Como tal, deveriam ser consideradas, no mínimo, Património Municipal. Mas não! Pura e simplesmente foram demolidas. Em seu lugar nasceram dois mamarrachos. O economicismo a impor-se ao culturalismo, no seu máximo esplendor!

 

Isto não seria chocante se tal ideia tivesse nascido da mente dum empresário! (deixem-me ser claro: não estou contra as grandes empresas que gerem postos de trabalho. Estou contra as grandes empresas que fogem ao fisco). 

 

Mas não, a tal ideia de que falava, foi um Prof. que a pariu. Um Prof. que não conhece Victor Hugo, por isso não sabe que este excelso escritor disse um dia: “Abrir uma escola é fechar uma cadeia”.

 

Ora, aqui, o oposto da verdade é igualmente verdade, assim: “fechar uma escola é abrir uma cadeia”. 

 

Meus amigos, estamos condenados à civilização: ou progredimos ou desaparecemos.

 

 

 

 

Vejo na escola um símbolo de progresso e na cadeia (prisão) o símbolo da degradação humana. Sei do que falo. A cadeia não regenera: destrói. 

 

E já que abordei este assunto permitam-me, para finalizar, que cite Malala, aquela jovem adolescente (prémio Nobel da Paz), que fez furor num congresso das Nações Unidas, dizendo: “Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo”.

 

Eis, pois, onde quero chegar: no lugar destas escolas deveriam ter nascido dois excelentes polos culturais. Dois centros ligados à “biblioterapia”.

 

P.S. – Escrevi meu último Artº no dia 9/4. Comecei às 10h e tinha que o terminar, impreterivelmente, antes das 11h. Estava de malas aviadas para longa viagem. Com encontro marcado, na agência de viagens, em Leça da Palmeira, para o meio dia, não tinha tempo a perder.

 

Ao abrir meu cmpt reparei que tinha uma msg, a mim dirigida, que começava assim:

 

“Sou de Freamunde e conheço-te bem…” Ora, eu que ando comigo há mais de 70 anos não me conheço, como é que essa pessoa me conhece bem? Estranho! Regressado a casa, 15 dias depois, procurei por todos os lados, no cmpt, essa msg, mas não encontro. Tinha prazo de validade, naturalmente. Gosto dos críticos que dizem mal dos meus Artºs. Eles leram-nos! Por isso, os meus agradecimentos à pessoa que me leu e teve a gentileza de me escrever. Já agora agradecia, também, que me reenviasse esse “computoscrito”, dando-me oportunidade de responder.

 

 

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