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Gazeta Paços de Ferreira

22/03/2025, 0:00 h

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O labirinto do Spinumviva

Opinião Política Ricardo Neto

OPINIÃO

O ainda primeiro-ministro, tal como o rei de Minos, tem algo que queria esconder. Não se trata dum familiar como o Minotauro, um ser metade touro e metade homem, mas a Spinumviva, um negócio familiar, metade empresa e metade suspeição.

Por Ricardo Jorge Neto

 

Dédalo era um arquitecto ateniense que fugira para a ilha de Creta com o seu filho Ícaro, depois de assassinar o seu sobrinho. O rei Minos de Creta aceitou-os com uma condição: Dédalo teria de construir um labirinto para encerrar o Minotauro. Dédalo cumpriu a sua palavra e construiu um labirinto de onde era quase impossível sair. Mais tarde, Dédalo seria acusado de trair o Rei Minos, e juntamente com o seu filho Ícaro foram obrigados a entrar no labirinto do Minotauro. O labirinto fora construído com tanto engenho, que nem Dédalo conseguiu encontrar o caminho de saída. Então para escapar daquele local, Dédalo fez umas asas com penas e cera para si e para Ícaro. Ao fugirem de Creta, Ícaro ficou tão entusiasmado com o poder de voar, que tentou alcançar o Sol. A cera das asas derreteu e ele sucumbir na queda.
 

A história é sobejamente conhecida, e é a metáfora perfeita para Luís Montenegro, primeiro-ministro de Portugal e o ‘’arquitecto’’ da empresa Spinumviva. O ainda primeiro-ministro, tal como o rei de Minos, tem algo que queria esconder. Não se trata dum familiar como o Minotauro, um ser metade touro e metade homem, mas a Spinumviva, um negócio familiar, metade empresa e metade suspeição. Para esconder esta entidade quase mitológica, Montenegro encerrou-a num labirinto, mas com um ano de governação, alguém descobriu a sua existência, e todos quiseram saber mais sobre a Spinumviva. Mas Montenegro para não revelar todos os seus contornos, refugiou-se no seu labirinto, e ali escondido e calado esperou que a tempestade passasse… mas esta não só não passou, como se adensou. Ao chegar o momento derradeiro, em que Montenegro tinha que desmontar o seu labirinto, para apresentar o seu ‘minotauro’ aos portugueses, este preferiu apresentar alguns caminhos pouco claros, sem nunca esclarecer o caminho de saída do labirinto. Assim, ao ritmo dum comboio, foram aparecendo avenças, amizades, casas, terrenos, apartamento, hotéis… que o melhor seria mesmo mudar o troço da linha comboio. Foi então que preso no seu próprio labirinto, Montenegro engendrou uma fuga, construindo para si e para o seu governo, umas asas a partir de uma moção de confiança, novas eleições e cera, muita cera.
 

 

 

 

No plano de Montenegro, escrito numa folha de rascunho, este espera voar para bem longe do seu labirinto, deixando a sua Spinumviva esquecida no passado, seguindo rumo a um futuro brilhante como o Sol…
 

Conseguirá Montenegro escapar do seu labirinto, e tal como Trump fugir da verdade enquanto joga golfe?
 

Por fim, uma pequena observação. Alguém tem de explicar ao nosso primeiro-ministro que falar aos portugueses, não é falar sozinho na televisão, reeditando as ‘’Conversas em família’’. Falar aos portugueses é responder aos seus representantes por si eleitos na Assembleia, e responder aos jornalistas a quem o país concede o direito legal de questionar.

 

 

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