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Gazeta Paços de Ferreira

21/01/2023, 0:00 h

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Mulheres na rua

Cultura

Os principais objetivos a reivindicar nesta manifestação, eram principalmente, um espaço público para que as mulheres se pudessem juntar, depois de décadas de violento silenciamento e empobrecimento fascista, refletindo sobre as suas reivindicações e aspirações comuns.

Assinala-se este ano os quarenta e oito anos da primeira manifestação feminista em Portugal, que aconteceu num final de tarde, a 13 de janeiro de 1975. A base da sua organização foi o Movimento de Libertação das Mulheres e o Parque Eduardo VII em Lisboa foi o local do acontecimento.

Os principais objetivos a reivindicar nesta manifestação, eram principalmente, um espaço público para que as mulheres se pudessem juntar, depois de décadas de violento silenciamento e empobrecimento fascista, refletindo sobre as suas reivindicações e aspirações comuns, e queimando juntas objetos simbólicos da sua opressão, como o eram (e são) os objetos utilizados na lida doméstica, que as escravizava; as revistas pornográficas que as objetificavam; o código civil português, que as prendia aos homens, que as violentavam e aos filhos indesejados, que lhes produziam, entre tantos outros, mesmo depois do 25 de abril, tal como descreve Maria Teresa Horta, uma das fundadoras do Movimento de Libertação das Mulheres, e que se pode ler na publicação online da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres. 

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Contudo, o protesto, que reuniu dezenas de mulheres, muitas delas acompanhadas com os seus filhos, contou também com a presença de um grande grupo de homens, atraídos pela curiosidade, em torno do que se tinha noticiado, que se iria assistir à queimada de soutiens e ao strip-tease de uma noiva, de uma dona de casa e de uma vamp (arquétipo sexista que representa a mulher como objeto sexual), três grandes estereótipos femininos do Estado Novo.

 “Mas nós nunca quisemos queimar soutiens, sempre considerámos que essa não era, nunca seria a forma escolhida para demonstrar o que defendíamos. Não era assim que devíamos defender as nossas causas” como descreve Maria Teresa Horta.

A primeira manifestação feminista não correu como planeado pelas organizadoras, viram-se cercadas por centenas de homens, que as insultavam, humilhavam, procuravam tocar-lhes, agarrá-las, pontapeá-las e, em alguns casos registados, violá-las.

Não conseguiram ser ouvidas e respeitadas no seu protesto, mas assinalaram, corajosamente, um grande passo na construção de uma sociedade mais igual e na desmitificação dos estereótipos criados pelo Estado Novo para o papel da mulher.

Aos leitores recomendo a visualização de um vídeo presente na plataforma RTP Arquivos, onde se pode ver a manifestação e o boicote por parte dos homens. “Liberdade só para os homens, e talvez para as mulheres que se mantivessem quietinhas e caladinhas” Maria Teresa Horta.

 

Célia Santos - Espaço Ocupar

 

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