07/09/2023, 0:00 h
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Portugal em contraciclo
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
COMENTÁRIO EDUCAÇÃO
Costumamos dizer que copiamos os outros países, mas vamos sempre atrasados. Insisto constantemente na questão de que as crianças passam demasiado tempo na escola e cada vez menos com as famílias. E, do meu ponto de vista, sem grande lógica, os mais pequenos (pré-escolar e 1º ciclo) são os que mais horas de escola têm.
Numa faixa etária importantíssima para a parte afetiva e emocional da criança, seria lógico que o seio familiar fosse o ambiente com maior espaço temporal. Lógico que as famílias trabalham, mas a escola não pode substituir o ambiente familiar. Esta é uma das questões que me tem preocupado constantemente…
Outra questão em que vamos em contraciclo: a parte digital. A grande bandeira tem sido o uso da tecnologia, havendo até a possibilidade de substituir os manuais físicos pelos digitais. Há países, como a Suécia, que estão a abandonar esse modelo.
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Do meu ponto de vista tudo tem o seu tempo e “nem tanto ao mar, nem tanto à terra”.
Numa fase de aquisição da leitura e escrita, ou seja no 1º ciclo, a parte digital tem que ter um peso muito pequeno, até porque escrever à mão desenvolve a motricidade, o que é importantíssimo. Claro que sabemos que basta ir ao Google e temos lá resposta para quase tudo, mas… o seu uso não limitará o nosso raciocínio?
Confesso que até eu, às vezes por preguiça, lá vou tirar uma dúvida, quando noutros tempos parava, estabelecia relações e dissipava as dúvidas. O que quero dizer com isto é que, sendo a tecnologia um recurso importantíssimo, não deve substituir a nossa capacidade de pensar, o nosso cálculo mental, o nosso raciocínio natural.
O QUE ESPERAR DE 2023/2024?
Sinceramente acho que nada de novo. A escola lá continuará a ser “cobaia” e alvo de ensaios que nunca têm tempo suficiente para serem avaliados, pois logo, logo alguma mente luminosa se lembra de alterar tudo. E é deste mal que sofre a escola: mudanças sistemáticas que fazem com que professores e alunos andem à deriva e sempre em novas experiências.
Outra questão que não escapará aos mais atentos é a previsível falta de professores a curto prazo, que já se sente em algumas zonas do país, nomeadamente na zona de Lisboa, Alentejo e Algarve. Portanto, haverá imensos alunos sem aulas durante uma parte do ano letivo. Claro que no Norte ainda não se sente muito, apenas de forma esporádica, mas a curto prazo também nos tocará.
O que se poderá fazer? O nosso Presidente da República diz que os médicos e os professores são os pilares da sociedade, mas depois promulga decretos com uma “mão cheia de nada, e outra cheia de coisa nenhuma”. É quase certo que o próximo ano letivo será instável novamente com a luta dos professores.
Mas há uma frase que digo muitas vezes: “quem não luta pelo que quer, aceita o que vier”.
Para terminar, desejo a toda a comunidade educativa um excelente ano letivo! E dirijo-me especialmente aos meus colegas professores: Que, dentro das contrariedades, consigamos “ser condutores de almas e sonhos dos alunos”, que isso é a génese do nosso trabalho.
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