Por
Gazeta Paços de Ferreira

31/03/2025, 16:58 h

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JUBILEU DOS CRISTÃOS PERSEGUIDOS

Atualidade Religião

Celebrado em Arouca pela AIS

 

A perseguição aos cristãos no mundo tem sido uma constante, ao longo destes 2025 anos da era cristã.
 

Todos os dias, homens, mulheres e crianças que professam a sua fé em Cristo são raptadas, torturadas, presas e muitas delas mortas, só porque creem em Cristo.


Começou no Império romano esta perseguição e continua a acontecer nos dias de hoje, perante uma certa indiferença do mundo ocidental. Ignorar esta tragédia, que ocorre um pouco por todo o mundo, é ser-se conivente com ela.

 


 

Há 30 anos que a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) tem angariado e canalizado para tantos países onde os efeitos e as vítimas desta perseguição são mais prementes,  a ajuda possível para minimizar o sofrimento de tantos cristãos perseguidos por causa da sua Fé.


Para rezar, sensibilizar e alertar a consciência das pessoas e sobretudo dos responsáveis políticos  para este drama a Fundação AIS decidiu celebrar nos dias 29 e 30 de março o Jubileu dos Cristãos perseguidos e escolheu a igreja jubilar do Mosteiro de Arouca para o fazer.

 

 

Perseguidos e esquecidos
 

O Programa deste Jubileu começou na tarde de sábado com uma sessão no auditório municipal onde esteve presente, ao lado da Presidente da Câmara Municipal de Arouca, Drª Margarida Belém, a Diretora da Fundação Ajuda à Igreja que sofre, Drª Catarina Bettencourt, bem como o Pe. José Pedro Novais, pároco de várias comunidades cristãs de Arouca e ainda o Pe. Simon Ayogu sacerdote espiritano, natural da Nigéria.


Apresentada e moderada pelo Dr. Paulo Aido, jornalista da AIS, a sessão abriu com um belo momento musical a cargo do grupo de cantas e cramois do Conjunto Etnográfico de Moldes de danças e corais arouquenses que, através de uma harmoniosa polifonia vocal, interpretaram diversos motivos musicais do cancioneiro de Arouca, todos eles com sabor telúrico e ligados às lides da terra.

 

 

Depois deste aperitivo musical, o Pe. José Pedro Novais iniciou a sessão com uma breve palestra sobre a história do ano jubilar e seus objetivos, conduzindo a sua reflexão sobre o tema da Esperança escolhido pelo Papa como linha condutora e inspiradora deste Jubileu. 

 

 

Seguidamente coube à Diretora da Fundação AIS fazer a apresentação do Relatório "Perseguidos e esquecidos" referindo a evolução em cerca de 18 países relativamente ao último relatório efetuado pela AIS. Para uma melhor compreensão da situação dos cristãos oprimidos nesses 18 países por causa da sua fé, foi distribuído, à saída, a todos os presentes, uma brochura ilustrada com informação mais pormenorizada e com o intuito de sensibilizar as pessoas para este drama que afeta milhares de cristãos em diversas partes do mundo.

 

 

Testemunhos

 

Após a apresentação do relatório seguiu-se um período de testemunhos de pessoas que conhecem bem a realidade diária que se vive em alguns países, onde os cristãos são perseguidos. O primeiro testemunho foi dado pelo padre nigeriano, Simon Ayogu, missionário Espiritano que falou sobre as dificuldades que  os Cristãos na Nigéria enfrentam, devido ao fundamentalismo islâmico, sobretudo através da grupo Boko Haram, cujo nome em árabe quer dizer “a educação ocidental ou não islâmica é um pecado” . Refira-se que esta organização terrorista surgiu na Nigéria em 2002 e continua a ter muita força neste país, chegando o Pe. Ayogu a relatar vários casos de violência alguns deles passados mesmo com familiares seus. 
 

O segundo testemunho foi sobre os Cristãos na Faixa de Gaza e foi dado pelo Pe. Gabriel Romanelli, Pároco de Gaza. Inicialmente previsto para ser através de videoconferência, as previsíveis dificuldades técnicas aconselharam a que esse testemunho fosse transmitido através de gravação vídeo.
 

Nesse testemunho, o pároco da paróquia de Sagrada Família em Gaza relatou as dificuldades do dia a dia, surgidas após o 7 de Outubro de 2023 em Gaza, comparando a situação antes e após esse terrível atentado. Terminou o seu testemunho pedindo que se reze a Nossa Senhora de Fátima, a quem os cristãos de Gaza têm uma grande devoção, pedindo pela paz e pelo fim desta guerra. Manifestou ainda o desejo e a necessidade que existe de se convencer os responsáveis políticos de que um dia a mais de guerra não vai resolver a situação, só a vai piorar.

 

Finalmente, o Pe. Gabriel apelou à ajuda humanitária para milhares de famílias que estão a passar grandes dificuldades neste momento, sejam eles palestinianos, israelitas, judeus, cristãos, muçulmanos, ou até ateus, pois a situação em Gaza é de extrema pobreza. E essa ajuda será uma maneira de revelar a Misericórdia de Deus para com todos.

 

 

Mensagem do Bispo do Porto

 

Tendo sido convidado pela AIS para estar presente  neste Jubileu dos cristãos perseguidos, o Bispo do Porto, D.Manuel Linda, por motivo de agenda, não pode aceitar o convite, mandando uma mensagem vídeo desejando que “este jubileu seja também uma forma de nos dar ânimo, a nós que vivemos em liberdade, para que, como eles, possamos  testemunhar Cristo em qualquer circunstância da vida”.
 

A sessão terminou com umas breves palavras da Presidente da Câmara Municipal de Arouca, Drª Margarida Belém dizendo que Arouca ficou muito sensibilizada e honrada por ter recebido a Fundação AIS para aqui celebrar o Jubileu dos Cristãos perseguidos, na igreja jubilar do Mosteiro de Arouca. Realçou ainda o trabalho meritório que a AIS tem vindo a desenvolver ao longo dos seus 30 anos de existência, sobretudo no apoio a tantas situações de extrema carência nos mais diversos países do mundo.

 

 

Abertura da exposição “Das trevas à Luz”

 

O primeiro dia deste jubileu em Arouca terminou com a abertura da exposição “Das trevas à luz” nos claustros do Mosteiro de Arouca. Nessa exposição, ao longo de 14 painéis ilustrados, são referidas impressionantes e dramáticas situações de vários “Heróis da Fé”, em diversos países, desde o Iraque, Paquistão, Nigéria, Camarões, até à Ucrânia, Síria,  Índia e Moçambique. A leitura desses casos prova bem que os cristãos continuam a ser perseguidos, discriminados e mortos até, apenas por causa da sua Fé.
 

Mas na maioria dos casos a perseguição aos cristãos engloba também a profanação e a vandalização dos seus lugares de culto e das suas alfaias litúrgicas. E isso ficou bem demonstrado através da segunda exposição sobre “Objetos religiosos profanados” que abriu, seguidamente, na Sala do Capítulo do Mosteiro de Arouca, mostrando mais de duas dezenas de objetos religiosos danificados pelo jihadismo islâmico no Iraque em 2014.

 

 

Eucaristia para todo o País

 

O momento alto deste Jubileu foi a Eucaristia do IV Domingo da Quaresma, concelebrada na igreja jubilar do Mosteiro de Arouca, presidida pelo Pe. Simon Ayogu e transmitida em direto pela RTP1, sendo animada musicalmente pelo coro  paroquial da missa dominical, dirigido pela prof. Elvira Tavares e acompanhado ao órgão de tubos pela organista Célia Tavares.
 

Para assinalar o jubileu dos cristãos perseguidos foram levados para o altar, na procissão inicial, dois dos objetos profanados que, depois de apresentados à assembleia, ficaram expostos ao lado do altar, durante toda a celebração. Trata-se de um lindo cálice destruído por uma bala na igreja Sírio Católica de Qaraqosh no Iraque e de um crucifixo em metal da igreja caldeia de Telaskuf, também ele danificado  pelo jihadismo islâmico.

 

Durante a celebração a presidente da AIS, Drª Catarina Bettencourt, teve ocasião de falar um pouco da Fundação que dirige e que tem como missão “apoiar os que são perseguidos, ameaçados, ou refugiados por causa da sua fé”. Fundada há 30 anos em Portugal, esta instituição pontifícia apoia cerca de 5000 projetos em 140 países.
 

A realização deste Jubileu pela AIS pretende exprimir que estes cristãos perseguidos não estão sós e precisam do nosso conforto, das nossas orações, bem como da ajuda monetária para tantos casos de extrema carência e que só esta instituição consegue apoiar.

 

 

Concerto jubilar 

 

Tendo sido aberto com um momento musical, este jubileu dos Cristãos perseguidos encerrou também com música, através de um belíssimo Concerto jubilar na igreja do Mosteiro de Arouca pelo grupo Coral de Urrô, dirigido pelo Dr. Paulo Bernardino e enriquecido pelo quinteto de sopro  da Academia de Música de Arouca.
 

Com um reportório variado que incluiu uma peça de órgão na sua abertura, alguns números pelo quinteto de sopro e a interpretação de diversas peças pelo Grupo coral de Urrô, este concerto terminou com o Hino do Jubileu, encerrando assim, de uma maneira muito bela e expressiva, este Jubileu que pretendeu, não só dar voz a tantos cristãos “perseguidos e esquecidos”, como também agitar consciências e vencer a indiferença generalizada para com estes dramas que ainda persistem em muitas regiões do mundo.

 

Por: José Cerca

 

 

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