22/11/2025, 10:41 h
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OPINIÃO
Por Sílvia Azevedo (Presidente MS-ID Paços de Ferreira)
Os salários, genericamente baixos, mal cobrem as despesas básicas do quotidiano. O custo de vida aumenta a um ritmo que dispensa qualquer comentário adicional. No que toca à habitação, assistimos a preços que transformam o simples ato de arrendar uma casa num verdadeiro golpe de sorte.
As propostas de alterações ao código do trabalho surgem com o propósito declarado de modernização, embora o seu efeito prático pareça mais direcionado para retirar direitos e facilitar despedimentos do que para fomentar a estabilidade. E, sem estabilidade, que família ousará nascer?
No Serviço Nacional de Saúde, a situação já não surpreende: hospitais sem médicos, urgências encerradas, doentes a regressar a casa por falta de vagas, profissionais a trabalhar sem meios, mães a dar à luz em ambulâncias ou automóveis. Criou-se, aparentemente, um sistema em que a melhor estratégia para evitar longas esperas é, simplesmente, não adoecer.
Na educação, a instabilidade é igualmente evidente: instituições encerram, financiamentos atrasam, a falta de vagas em creches é crónica (salvando-se exceções como Paços de Ferreira), e as escolas públicas repetem a mesma história — insuficiência de professores, falta de recursos, famílias à deriva.

Quanto aos nossos seniores, muitos terminam a vida em estruturas ilegais, sem dignidade e sem a segurança que décadas de trabalho deveriam garantir. Um país que não cuida dos que envelhecem dificilmente convencerá os mais jovens a construir aqui o seu futuro.
É, portanto, até irónico, ouvir que precisamos de mais famílias, quando o país parece empenhado em tornar o ato de constituir uma missão impossível. Ter um filho, encontrar uma casa, ter acesso a um médico, conseguir vaga numa creche ou envelhecer com dignidade — tudo isto se converteu em luxo, não um direito.
Num país que exige tanto e oferece tão pouco, perguntar “porque não nascem mais crianças?” é, no mínimo, uma ironia nacional. Não concorda?!
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